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Crise em França, o legado de Carlos Tavares e os crimes do café
03-12-2024 07:01

Bom dia,

As empresas portuguesas tremem com imprevisibilidade francesa. Com a situação política em França a agravar-se a cada minuto, a economia francesa deverá ressentir-se e Portugal pode sofrer por tabela, temem a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e a Associação Empresarial Portuguesa (AEP). Desde logo porque França é o segundo destino das exportações portuguesas, sendo ultrapassado apenas por Espanha: em 2023, a economia gaulesa comprou bens no valor de mais de 10 mil milhões de euros às empresas portuguesas, que em troca importaram 7,3 mil milhões. O excedente, favorável a Portugal, alcançou os 2,8 mil milhões. Entre os setores mais representados nas vendas estão os dos veículos e material de transporte (16,6% do total), metais (12,9%) e máquinas e aparelhos (12%).

Nos mercados financeiros, os efeitos já se fazem sentir. França passou a ser vista pelos mercados financeiros como mais arriscada do que Espanha, Portugal e até a Grécia - o que tem pesado e deverá continuar a pesar sobre os custos de financiamento do país. Apesar de os analistas afastarem um contágio a toda a Zona Euro, avisam para uma fuga de capitais para os Estados Unidos. Em termos económicos, é esperado um "impacto limitado" na Zona Euro.

Continuando na política, mas desta vez interna, o barómetro da Intercampus para o Negócios, o CM e CMTV mostra que o Partido Socialista (PS) continua com uma ligeira vantagem nas intenções de voto perante a Aliança Democrática (AD) nas intenções de voto, mas ainda não conseguiu desfazer o empate técnico.

A nível empresarial, a Stellantis está em foco: os elétricos em Mangualde são último legado de Carlos Tavares. Sob a liderança de Carlos Tavares a Stellantis tornou-se o grupo automóvel dominador no mercado português com um em cada quatro veículos a pertencerem às marcas do gigante e, através da Peugeot, colocou um ponto final na hegemonia de duas décadas da Renault. Mas o último grande triunfo é na parte industrial, com a fábrica de Mangualde a arrancar com a produção de viaturas elétricas.

E o café está tão caro que há agricultores a comprar cães e abelhas para o proteger. As duas espécies mais negociadas dispararam para níveis que não se viam há várias décadas: o arábica atingiu os 3,29 dólares por libra-peso, o valor mais alto desde 1977, e o robusta mantém-se em máximos de 1979 – valores para onde foi catapultado em maio, às portas de um novo ano agrícola. Esta evolução está a aumentar o roubo desta matéria-prima em muitos países produtores, como é o caso do Uganda e os agricultores usam muitos recursos para os tentar impedir.

Terça-feira é ainda dia de Radar África, onde olhamos para as duas razões antagónicas para a crise em Moçambique. Uma delas é provocada pela ala dura da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), fulanizada no presidente em exercício, Filipe Nyusi, uma outra que resulta dos apoios externos que estão a ser dados a Venâncio Mondlane, sobretudo por parte de movimentos evangélicos e até de partidos populistas europeus.

Boas leituras (em papel, no site ou por via do Whatsapp do Negócios). De segunda a sexta-feira, pode ainda acompanhar o programa televisivo do Negócios no NOW, disponível na posição 9.