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Marques Mendes analisa Europeias no Negócios: "PSD e CDS partem para legislativas em estado de coma"
26/05/2019 23:53

A VITÓRIA DA ABSTENÇÃO
 
A abstenção voltou a "ganhar" estas eleições. Nada de surpreendente. Tem sido sempre assim em eleições europeias. Desde 1994 que a abstenção tem estado sempre acima dos 60%. E era previsível que, em termos percentuais, até subisse um pouco neste acto eleitoral. A razão é simples: o número de emigrantes com capacidade para votar aumentou exponencialmente, em virtude da mudança das regras de recenseamento. Assim, há cinco anos os inscritos para votar fora do país eram 240 mil. Agora, o número de potenciais votantes subiu para um milhão e quatrocentos mil. Porém, como o grau de participação entre os emigrantes é anormalmente baixo, a abstenção tenderia inexoravelmente a aumentar.
 
Mesmo assim, com números tão expressivos de abstenção, não há razões para dramatizar. O alheamento dos portugueses em relação a este sufrágio não significa divórcio com o projecto europeu nem um virar de costas à União Europeia. A prova está na recente sondagem SIC/Expresso que prova, à saciedade, que em Portugal razão e coração estão com a Europa e não contra ela. Segundo esse inquérito, os portugueses gostam da Europa, acreditam na Europa e estão em sintonia com o projecto europeu. A razão deste elevado abstencionismo, a par de uma campanha pouco mobilizadora, tem a ver com a percepção pública que existe de que as eleições para o Parlamento Europeu não são assim tão importantes. Não subscrevo esta conclusão, mas compreendo-a. O essencial, apesar de tudo, é que o ideal europeu não está em crise em Portugal. Ao contrário do que sucede noutras paragens. Do mal, o menos!
 
 
 
ILAÇÕES POLÍTICAS DAS EUROPEIAS
 
Destas eleições não há ainda conclusões definitivas que possam ser extraídas. Mas há algumas ilações que podem desde já ser retiradas.
 
Primeira ilação: normalmente, em eleições europeias, o poder é penalizado. Foi assim nos últimos 25 anos – em cinco eleições europeias, os partidos do poder perderam quatro e ganharam apenas uma. Desta vez, o PS, enquanto poder, saiu incólume. Não tem uma vitória exuberante mas passou o rubicão. Afinal, ganhou no teste teoricamente mais difícil, apesar do desgaste acumulado ao longo de meses.  
Segunda ilação: nestas europeias bem pode falar-se de um antes e um depois da crise dos professores. Antes da crise, o PSD estava praticamente empatado com o PS nas sondagens e a dinâmica de vitória estava do seu lado; Depois da crise, a dinâmica de campanha inverteu-se, o PS descolou e o PSD "afundou-se"; Em boa verdade, bem pode dizer-se que foi mais a oposição a perder que o poder a ganhar. António Costa bem pode agradecer a Rui Rio e a Assunção Cristas.  
Terceira ilação: o PS nacionalizou estas eleições, jogando nesta campanha o seu maior trunfo – António Costa. Esta foi, em bom rigor, a campanha de Costa. Envolveu-se para além do habitual, disfarçando assim o erro de casting que cometeu ao escolher o seu cabeça de lista. O que não se compreende é o erro estratégico que a oposição cometeu ao "cair na ratoeira" e concentrar a sua campanha no ataque ao PM. Em política, os erros pagam-se. A prova aqui está.  
Quarta ilação: os novos partidos não elegeram deputados. É um facto político não despiciendo. Afinal, todos se queixam dos partidos tradicionais, mas continuam a votar neles. O que prova que o nosso sistema partidário, apesar dos defeitos conhecidos e continuadamente reforçados, continua sólido e consistente. Uma ideia que se impõe à revelia do que sucede na generalidade dos países europeus. Afinal, os portugueses preferem conviver com os defeitos do que existe do que entrar em aventuras ou trilhar o caminho do experimentalismo.  
Última ilação: PSD e CDS partem para as próximas eleições legislativas em estado de coma. É pena. A democracia precisa de alternativas e não do mero cumprimento de calendários e formalidades políticas.  
 
CRISE DE LIDERANÇA NO PSD?
 
O resultado do PSD podia e devia ter sido bem melhor. E se não fosse a crise dos professores – um erro mais do que dispensável – o PSD até podia ter ganho as eleições. Antes da crise, o ambiente de desgaste do PS e da governação convidava a um expressivo cartão amarelo. É caso para dizer: não havia necessidade.  
Mesmo assim, julgo que não haverá qualquer crise de liderança. Acrescento mesmo: não é conveniente abrir qualquer crise. Primeiro: porque, mesmo que houvesse vontade, nem sequer há tempo suficiente para concretização de liderança; Segundo: porque o desejável – agora e sempre – é que um líder seja julgado em eleições legislativas e não em eleições europeias.  
Em qualquer caso, a vida de Rui Rio fica agora mais dificultada. Se não consegue ganhar as eleições mais fáceis, como é que vai conseguir ganhar as mais difíceis? Em teoria é assim. Em qualquer caso, convém nunca esquecer duas coisas: primeiro, em política nunca há caso julgado e verdades definitivamente adquiridas; depois, em política, quatro meses são, às vezes, uma eternidade e as surpresas, amiúde, surgem quando menos se espera.   
RESULTADOS ELEITORAIS
 
O PS é o vencedor natural da noite. Vencedor porque é o mais votado e o que mais deputados elege. Natural porque esta vitória vai de encontro às previsões das sondagens. Um resultado que lhe permite acalentar a esperança de uma vitória clara e convincente nas legislativas, ainda que sem maioria absoluta.  
O PSD tem uma derrota histórica. Não alcança nenhum dos seus objectivos. Tem o pior resultado eleitoral de sempre em eleições nacionais, pior mesmo do que os 24% de 1976. E, pior do que isso, ficou a uma distância enorme do PS, o seu adversário principal. Se é assim nas eleições mais fáceis, as Europeias, como será nas mais difíceis, as Legislativas? Um verdadeiro estado de choque.  
O Bloco de Esquerda, por seu lado, tem uma grande vitória. Dois deputados e uma votação na ordem dos 10%. Mérito de uma dupla de qualidade – Catarina Martins e Marisa Matias. Esta última ganhou hoje provavelmente o estatuto de grande candidata presidencial de esquerda em 2021.  
O PAN é a grande surpresa da noite. Tem um resultado surpreendente. Ou talvez não. Esta vitória do PAN é, a meu ver, consequência da atenção que mais eleitores dispensam à ecologia e ao ambiente. Os partidos tradicionais esqueceram os temas ambientais. O PAN está a preencher esse vazio.  
O PCP tem uma derrota amarga. Perde um deputado, perde na competição com o BE e acaba a realizar um dos piores resultados de sempre em Europeias. Se tivermos em conta que já havia sido penalizado nas autárquicas, esta nova penalização faz soar campainha de alarme no PCP.  
O CDS tem uma derrota pesada. Não alcança nenhum dos seus objectivos. Fica atrás do Bloco e do PCP. Tem um resultado medíocre. Depois do brilharete de Lisboa, Assunção Cristas tem uma derrota que dificilmente deixará de ter consequências no futuro.  
 

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