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Esqueça o ChatGPT e o GenAI
13/11/2024 09:15

O ChatGPT tem-se tornado um verdadeiro “game changer”, tanto na sociedade como nas empresas. No entanto, para muitos, já é algo ultrapassado. A evolução no mundo da inteligência artificial (IA) tem sido tremenda, mas muitas empresas e governos ainda não se aperceberam da necessidade de se prepararem para o futuro, focando-se apenas no presente. Hoje em dia, o ChatGPT deve ser encarado como uma “commodity”, uma ferramenta básica que todos deveriam saber utilizar e aplicar. No entanto, as empresas precisam de uma visão mais ampla do verdadeiro potencial da IA. A rápida evolução da IA significa que, em breve, o ChatGPT e o GenAI serão lembrados como algo do passado.

Isto não significa que não precisamos de formação em ChatGPT; pelo contrário, dominar estas ferramentas já deveria ser prática comum para empresas e indivíduos. Simultaneamente, é fundamental que nos preparemos para as próximas evoluções da IA, que continuarão a transformar a forma como trabalhamos e inovamos.

Atualmente, uma das grandes distinções no campo da IA está entre o GenAI (IA generativa) e a AGI (inteligência artificial geral). O GenAI, como o ChatGPT, é projetado para criar conteúdo original e gerar respostas com base em grandes volumes de dados, mas as suas capacidades limitam-se a tarefas específicas e ao conhecimento preexistente. Em contraste, a AGI representa um tipo de IA com a capacidade de realizar qualquer tarefa intelectual que um ser humano consiga fazer, incluindo aprendizagem adaptativa e tomada de decisões complexas em diferentes domínios sem supervisão. Enquanto o GenAI é poderoso e disruptivo, a AGI, caso se torne uma realidade, representará um salto ainda mais significativo, pois poderá compreender contextos e desenvolver novas habilidades de forma autónoma. A AGI continua, contudo, a ser um objetivo futuro, ainda envolto em incertezas e desafios éticos.

Este ano, a OpenAI apresentou aos seus colaboradores as cinco etapas de maturidade da IA: nível 1, com “chatbots” que utilizam linguagem conversacional; nível 2, com modelos de raciocínio capazes de resolver problemas a nível humano; nível 3, com agentes que podem tomar ações de forma independente; nível 4, com inovadores, ou seja, IA que pode auxiliar na invenção; e, finalmente, o nível 5, onde a IA é capaz de realizar o trabalho de uma organização.

No mês passado, Sam Altman, CEO e cofundador da OpenAI, afirmou que o seu lançamento mais recente, o modelo “o1”, levou a IA da linguagem conversacional (nível 1) para o raciocínio humano (nível 2). Algumas empresas mais inovadoras já estão a implementar agentes de IA (nível 3). Enquanto o ChatGPT requer “inputs” humanos para gerar respostas, os agentes de IA são sistemas inteligentes autónomos que executam tarefas específicas sem intervenção humana. Estes agentes de IA trazem novos desafios, como a definição do nível de autonomia na tomada de decisão que lhes deverá ser concedido. A ascensão dos agentes de IA transformará dramaticamente o futuro do trabalho.

Jeremy Kahn, editor de IA na Fortune Magazine e autor do novo livro “Mastering AI: A Survival Guide to Our Superpowered Future”, levanta duas questões fundamentais sobre este futuro:

O que farão os humanos no futuro?

Que competências serão necessárias?

Segundo Kahn, “É necessário redefinir o papel dos humanos, focando em competências de nível superior para supervisionar sistemas. Antevejo que as pessoas irão supervisionar múltiplos sistemas de IA em simultâneo, funcionando como guias e juízes dos resultados que estes sistemas produzem.” No contexto empresarial, a adoção de IA pode ser vista em duas categorias principais: aumento da capacidade humana e automação. A visão do nível 5 proposta pela OpenAI – as empresas autónomas – representa o culminar de esforços para desenvolver IA que substitua trabalhadores individuais e consiga inovar de forma independente. Enquanto os cientistas de IA debatem se a AGI poderá ou não ganhar consciência, para as empresas a questão mais relevante é se a IA conseguirá inovar autonomamente, o que se designa por “Inovação Automatizada”. Quando a IA alcançar esta capacidade, estaremos a entrar no nível 5, onde empresas autónomas se tornam uma realidade.

A integração da IA nos negócios impulsionará a eficiência e competitividade, automatizando processos, prevendo tendências e antecipando necessidades dos clientes. Para alcançar este potencial, as empresas precisam de adotar uma mentalidade inovadora, investir em tecnologias avançadas de IA e formar os colaboradores continuamente. Essa transição estratégica coloca as organizações em posição de vantagem, exigindo o investimento em investigação contínua para se manter na vanguarda tecnológica.

Os governos desempenham um papel essencial no avanço da IA, investindo em investigação e promovendo literacia digital desde cedo. Esses investimentos públicos e o desenvolvimento de parcerias público-privadas incentivam a inovação e asseguram que os benefícios da IA sejam distribuídos de forma equitativa. Integrar a literacia em IA nos sistemas educativos prepara futuras gerações para usar e supervisionar a tecnologia com responsabilidade. Deste modo, os governos capacitam a sociedade a adotar a IA de forma ética, protegendo a força de trabalho e impulsionando a competitividade nacional.

 

Os governos desempenham um papel essencial no avanço da IA, investindo em investigação e promovendo literacia digital desde cedo.

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