Portugal para juro em torno de 0,3% para emitir dívida a 10 anos 07/04/2021 09:01:39

Portugal está esta quarta-feira no mercado com uma emissão sindicada de dívida a 10 anos, sendo que o preço indicativo no arranque da operação aponta para uma taxa de juro em redor de 0,3%.

De acordo com a Bloomberg, o "guidance" está em 29 pontos base acima da taxa "mid swap" do euro, o que aponta para uma rendibilidade de 0,309%.

Portugal volta assim a financiar-se com taxas de juro acima de 0% no prazo a 10 anos, depois de em janeiro ter emitido pela primeira vez com taxas negativas através de leilão.

A taxa de juro das obrigações a 10 anos está esta quarta-feira a ceder 2,4 pontos base para 0,212%, já algo distante dos mínimos históricos do início do ano, mas ainda em níveis historicamente muito baixos. As expetativas de subida da inflação e aceleração do crescimento económico (reflação) provocou nos últimos meses um agravamento das taxas das obrigações a nível global.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) está a realizar hoje a segunda emissão de dívida sindicada de 2021, sendo que o preço final da operação, a procura e o montante da emissão só serão revelados nas próximas horas.

Os títulos têm a maturidade em 17 de outubro de 2031 e pagam um cupão anual. A emissão está a ser liderada por um conjunto de instituições financeiras: BBVA, BNP, CaixaBI, Citi e Credit Agricole CIB.

É pouco habitual o IGCP realizar logo em abril a segunda emissão sindicada do ano, mas Cristina Casalinho já tinha avisado que esta era a altura de aproveitar para emitir dívida pois os mínimos das taxas de juro já teriam ficado para trás.

Conntudo, a realização desta emissão sindicada acaba por ser esperada, uma vez que o IGCP todos os anos abre novas linhas nesta maturidade a 10 anos e a primeira do ano foi de obrigações a 30 anos. 

Os emissores soberanos recorrem a um sindicato bancário para emitir dívida (em detrimento dos habituais leilões) quando são lançadas novas linhas, sendo que neste tipo de operações (que decorrem ao longo do dia) são levantados montantes mais elevados. 

O IGCP já realizou este ano dois leilões de dívida de longo prazo (janeiro e março) e em fevereiro realizou uma emissão sindicada. Emitiu 3 mil milhões de euros em títulos com maturidade a 30 anos, aceitando pagar um juro de 1,02%. 

A emissão sindicada de janeiro foi marcada por um forte interesse dos investidores, que colocaram ordens de mais de 40 mil milhões de euros, o valor mais elevado de sempre para obrigações portuguesas. 

Numa entrevista ao Público já depois desta emissão sindicada, Cristina Casalinho, presidente do IGCP, explicou que "dificilmente as taxas de juro ficarão mais baixas no futuro e que todos os países estão a aproveitar para se financiar enquanto a janela do apoio extraordinário do BCE não se fecha". 

Se na emissão de hoje optar por angariar mais 3 mil milhões de euros (montante habitual neste tipo de operações), o IGCP elevará para 8.500 milhões de euros o valor encaixado este ano só com dívida de longo prazo.