Pandemia agrava prejuízos da Sonae para 75 milhões no primeiro semestre 26/08/2020 21:46:26

A Sonae fechou o primeiro semestre de 2020 com prejuízos de 75 milhões de euros. Em nota enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a dona dos supermercados Continente explica que a evolução do resultado líquido é explicada "exclusivamente pela pandemia Covid-19, com registo prudente de contingências contabilísticas (non-cash)", nomeadamente as provisões registadas no primeiro trimestre, no montante de 76 milhões de euros, e a redução da avaliação de ativos imobiliários da Sonae Sierra no segundo trimestre, naquele que foi "um efeito não monetário que pressionou o resultado da Sonae para um valor negativo de 16 milhões de euros" no segundo trimestre.


Citada na nota enviada ao mercado, a CEO da Sonae, Cláudia Azevedo, reconhece que o segundo trimestre de 2020, marcado pela pandemia, "foi seguramente um dos trimestres mais desafiantes da história da Sonae", e seguiu-se a "um bom início de ano". A CEO admite que todos os negócios do grupo "foram severamente afetados por este contexto adverso".


O volume de negócios aumentou 5,9% para 3.136 milhões de euros entre janeiro e junho , tendo sido registado um "aumento das vendas online sem precedentes e ganhos de quota de mercado na maioria dos negócios", com destaque para "o forte contributo da Sonae MC", dona do Continente. No segundo trimestre, o aumento do volume de negócios do grupo foi de 5%, para 1584 milhões.


O EBITDA subjacente caiu 5% para 229 milhões de euros no semestre, tendo recuado 7% para 129 milhões no trimestre. O grupo explica a evolução com a "desconsolidação de dois centros comerciais core (consequência da transação Sierra Prime) nas contas estatutárias da Sonae Sierra e pelo impacto negativo do período de confinamento na Sonae Sierra e na Sonae Fashion".


Retirando o impacto do Sierra Prime, uma joint venture criada com a APG, Allianz e Elo para gerir centros comerciais, o EBITDA subjacente da Sonae" teria permanecido estável em termos homólogos no semestre".


A dívida líquida total diminuiu 498 milhões de euros no semestre, o equivalente a 28,4%, para os 1.257 milhões. Desde o final de 2019, a Sonae já tinha refinanciado mais de 650 milhões em empréstimos de longo prazo. "Todos os negócios do portefólio mantiveram balanços sólidos e conservadores", algo que Cláudia Azevedo considera "importante para enfrentar os próximos meses".

"Explosão" nas vendas online

O volume de negócios da Sonae MC, a divisão de retalho alimentar do grupo, cresceu 9% no trimestre marcado pela pandemia. No conjunto do semestre, a subida foi de 11,5%, para 2.431 milhões de euros. A Sonae destaca o desempenho "muito positivo" nos hipermercados, nos supermercados de proximidade e no negócio online, "que continuou a registar um crescimento de dois dígitos" e "permaneceu em níveis elevados mesmo após o fim do período de confinamento".


Já no retalho de eletrónica, a Worten registou uma subida do volume de negócios de 6%, atingindo 250 milhões de euros no trimestre e 482 milhões no semestre. Isto apesar dos "contextos muito diferentes" verificados em Portugal e em Espanha, dado que no país vizinho as lojas foram obrigadas a encerrar, o que não aconteceu em Portugal. A procura no canal online aumentou dois dígitos e foi "o principal impulsionador do desempenho das vendas".


No segmento de moda, o segundo trimestre foi "atípico e afetado pelo encerramento de todas as lojas". O volume de negócios da Sonae Fashion caiu 25% no semestre, para 131 milhões de euros.  Ainda assim, parte do impacto "severo" sentido nas vendas acabou por ser compensado pelo online, cujo desempenho mais do que duplicou face ao segundo trimestre do ano passado. As marcas Zippy e MO registaram valores das vendas online cinco e seis vezes superiores, "tendo atingido o valor das vendas de 2019 em apenas um trimestre".

A Sonae destaca ainda que nos primeiros seis meses do ano foram investidos 113 milhões de euros, dos quais 89 milhões foram realizados pela Sonae MC. No capítulo das aquisições, o grupo destaca a compra, pela Sonae Fashion, dos 50% do capital que faltava adquirir na Salsa, passando agora a Sonae a deter a totalidade do capital da marca, "estando agora melhor preparada para levar a empresa a um novo nível de crescimento".

 

Nos últimos 12 meses, o grupo criou 1500 postos de trabalho na área do retalho alimentar.


A CEO do grupo admite que "os próximos meses irão trazer diferentes tipos de desafios" à empresa. "Estou confiante de que a Sonae os irá ultrapassar", conclui Cláudia Azevedo.