Moody's: Bancos estão mais expostos a setores com maior risco 13/02/2020 11:55:00

O ambiente de taxas de juro em mínimos históricos está a afetar a rentabilidade dos bancos e a forçar o setor a voltar-se para segmentos mais rentáveis, mas também mais arriscados, argumenta a Moody’s. A agência de notação financeira antecipa que se mantenha a pressão ao nível da rentabilidade do setor, devido aos juros baixos e diz que os bancos portugueses são "muito vulneráveis" a este ambiente.
 
"Há um maior foco por parte dos bancos portugueses, à semelhança do que acontece na Europa, em segmentos mais rentáveis mas de maior risco, como o crédito ao consumo", explica Maria Cabanyes. A falar na conferência anual da Moody’s em Lisboa, a analista diz que a rentabilidade do setor permanece pressionada pelos juros baixos. 
 
Os bancos portugueses têm vindo a reforçar a concessão de crédito, ao consumo e à habitação. No crédito ao consumo, em 2019 foi financiado um valor recorde, com o setor a aliviar as condições de financiamento, uma situação que levou o Banco de Portugal a rever recentemente os limites às novas operações de crédito pessoal no âmbito da sua medida macroprudencial.
 
Já no crédito à habitação, o valor financiado no ano passado - mais de 10,6 mil milhões de euros - foi o mais elevado desde 2008.
 
Cabanyes antecipa que a rentabilidade e capital dos bancos portugueses permaneçam estáveis em 2020. A analista argumenta ainda que o setor vai manter-se focado na redução da alavancagem dos balanços, adiantando, porém, que a situação é hoje muito melhor.
 
Em relação aos três bancos que segue - Caixa Geral de Depósitos, BCP e Santander Totta - a perspetiva também é estável, realçando que, enquanto os dois primeiros atravessaram um processo de reestruturação, o Santander está numa posição em que tem "sistematicamente superado o setor".