BCP afunda mais de 3% para mínimos de dois anos 07/08/2019 15:23:00

O Banco Comercial Português está a desvalorizar mais de 3% na sessão desta quarta-feira, 7 de agosto, intensificando a tendência negativa que perdura desde a véspera da apresentação de resultados do primeiro semestre.
 
As 11 sessões seguidas em queda representam o ciclo negativo mais longo de sempre na história do banco, que é cotado desde 1993. De acordo com a pesquisa do Negócios na base de dados da Bloomberg, durante dois períodos (novembro de 2008 e setembro de 1999) o BCP caiu durante 10 sessões seguidas. Mas nunca tinha recuado durante 11 sessões como agora. Neste período, as ações acumulam já uma queda de 22,3%.
 
Hoje os títulos intensificaram as perdas após a abertura negativa de Wall Street, que está em forte queda devido à descida acentuada dos juros das obrigações a nível global e críticas violentas de Donald Trump à Reserva Federal.
 
As ações seguem a recuar 3,43% para 0,2114 euros, o que representa um mínimo desde setembro de 2017, ou seja, quase dois anos. Apesar deste ciclo negativo, só hoje os títulos atingiram mínimos de mais de um ano.
 
O BCP está acompanhar, com maior intensidade, o mau momento do setor, sobretudo a nível europeu, devido à política de juros baixos do Banco Central Europeu, o que ameaça as margens do setor. O Stoxx Banks, índice que agrupa os maiores bancos europeus, desvaloriza 1,45% e negoceia em mínimos de julho de 2016.
 
O BCP regista a quarta maior queda do dia no setor, sendo que o alemão Commerzbank e o italiano Unicredit sofrem perdas acima de 5%, ambos a refletirem também os resultados apresentados esta manhã.  
 
Desde o início do ano o banco liderado por Miguel Maya já desvaloriza 7,6% e a capitalização bolsista situa-se nos 3,2 mil milhões de euros. Face ao máximo anual fixado em 17 de julho nos 0,2892 euros, o BCP acumula uma queda de 27%.
 
O BCP reportou, no dia 29 de julho, um aumento dos lucros de 150,6 milhões de euros para 169,8 milhões. Contudo, esta melhoria do resultado líquido e da qualidade de ativos (destacada pelos analistas) acabaram ofuscadas pelas perspetivas de evolução da margem financeira do banco, que apontam para uma deterioração.
E isto num contexto de taxas de juro baixas na Europa, com o BCE a implementar mais medidas de estímulos económicos, o que significa taxas negativas, o que terá impacto nas margens das instituições financeiras.