Bolsa ainda tem espaço para dançar, mas a ritmo mais lento
06/07/2025 14:00
Há mais de uma década que a bolsa de Lisboa não valia tanto e as valorizações ainda não têm fim à vista. Após um primeiro semestre em que o PSI bateu outras bolsas europeias e norte-americanas, os analistas antecipam que o índice mantenha a tendência positiva, impulsionado pelo setor financeiro e energético. Os maiores riscos vêm de fora, colocando as cotadas mais expostas ao exterior (nomeadamente ao dólar) entre os que acolhem menos otimismo. "As ações do PSI revelam um desempenho muito interessante por terem um perfil mais descorrelacionado com os maiores índices globais e têm servido de refúgio às tarifas americanas. Além disso, o PSI beneficia de um efeito-base muito favorável: apesar das valorizações expressivas dos últimos anos, ainda continua a transacionar a desconto face aos índices de referência americanos e europeus e, ao mesmo tempo, proporciona uma 'dividend yield' muito mais atrativa", diz ao Negócios Carlos Pinto, gestor sénior de investimentos da Optimize. O gestor aponta para o rácio entre resultados e preço da ação (PE, na sigla em inglês) do PSI, que se situa em 14,7 vezes, contra 15 vezes no caso do índice pan-europeu Stoxx 600. Já no caso da remuneração acionista, Portugal tem uma "dividend yield" de 4,4%, o que compara com os europeus 3,3%. Já Pedro Barata, gestor de ações portuguesas do GNB GA, sublinha que "realmente a performance da bolsa portuguesa apanhou alguns investidores de surpresa, mas esta boa performance não começou neste semestre". Incluindo dividendos, o PSI valorizou mais de 110% nos últimos cinco anos, "ou seja, o nosso mercado ofereceu aos investidores que nele investiram uma rentabilidade superior a 16% ao ano nos últimos cinco anos", indica. No primeiro semestre do ano, o PSI valorizou 17%, com 10 das 15 cotadas em terreno positivo. O maior ganho foi do BCP (42%), mas o setor defensivo da energia também impulsionou: a REN avançou 33% e a EDP 19%. Em sentido contrário, a Navigator teve a maior perda (-11%), seguindo-se a Altri (-8,6%). A subida de Lisboa compara com 20% do alemão Dax ou com 8,3% do Stoxx 50, com a Europa a beneficiar do maior otimismo dos investidores, em detrimento dos Estados Unidos. Aliás, as bolsas europeias superaram as pares norte-americanas, nos primeiros seis meses do ano, pela maior margem de sempre (em dólares). "A maior estabilidade das 'yields' soberanas da Europa e o corte de taxas pelo Banco Central Europeu (BCE) criaram um enquadramento favorável. Para o segundo semestre, espera-se continuidade na tendência positiva, mas a um ritmo mais comedido", antecipa João Queiroz, "head of trading" do Banco Carregosa. "Os meses de verão comportam menor liquidez e número de participantes, pelo que, após meados de julho, os temas das tarifas e apresentações de estimativas de resultados reportados ao segundo trimestre podem ser desafiantes", adverte. O responsável considera que a valorização acumulada, a normalização da inflação e a aproximação do ciclo eleitoral europeu poderão travar algum do entusiasmo, apontando para um intervalo de 6.800 a 7.000 pontos como um "nível razoável" de fecho de ano para o PSI, "salvo perturbações macrorrelevantes" como geopolítica, escalada nas tarifas ou surpresas orçamentais. O índice quebrou recentemente a barreira dos 7.700 pontos, que não ultrapassava há 11 anos. A concretizar-se a projeção do Carregosa, seria uma valorização anual entre 6,5% e 10%. "Naturalmente, depois de uma performance superior a 20% no primeiro semestre, é normal e até desejável que se assista a uma consolidação que permita depois ao mercado avançar para novos patamares", concorda Pedro Barata. "Numa altura em que a maioria dos mercados desenvolvidos se preparam para 'atacar' novos máximos, verificamos que o mercado português ainda está bem longe do seu máximo histórico atingido no início do ano 2000. Para alcançarmos esse valor, serão precisos mais 100% de valorização. Daí se percebe que o PSI ainda tem muito espaço para valorizar só para chegar ao mesmo patamar dos restantes mercados", acrescenta. O BCP lidera os ganhos este ano na bolsa de Lisboa e "deverá continuar a ser um dos principais motores, beneficiando de uma margem financeira ainda robusta, da melhoria na qualidade dos ativos e de uma perceção favorável entre investidores internacionais devido ao seu desconto relativo", considera João Queiroz sobre as cotadas em relação às quais está mais otimista. O "head of trading" do Banco Carregosa espera também que a EDP e a EDP Renováveis mantenham um "papel de destaque", apoiadas na revalorização do setor de energia verde e na procura por ativos defensivos, apesar dos imensos desafios na geografia dos EUA. Já a REN poderia beneficiar do ambiente de taxas de juros mais baixas e do seu perfil de estabilidade e dividendos atrativos. "Neste contexto de maior incerteza, considero que as empresas de perfil mais defensivo e de menor exposição às tarifas americanas vão sair mais beneficiadas", concorda Carlos Pinto, gestor de investimentos sénior da Optimize. Ressalvando que não quer fazer "grandes previsões para o futuro próximo, cuja fiabilidade é sempre reduzida", Pedro Barata, da GNB GA, diz estar "expectante com o anúncio previsto para os próximos meses, por parte da Galp, da venda de 50% da sua posição nos poços na Namíbia, tendo em conta o potencial de valorização que essa informação terá na avaliação da empresa". Os setores defensivos poderão beneficiar, na bolsa de Lisboa, com o ambiente de incerteza a nível internacional. "Atendendo a que Portugal é uma pequena economia muito aberta ao exterior, de onde obtém vantagem no turismo, e ao elevado grau de integração, estará muito dependente de Espanha e dos seus principais parceiros europeus", adverte João Queiroz. Da mesma forma, Carlos Pinto considera que do "lado mais desafiante" estão as empresas mais expostas ao comércio internacional, especialmente ao dólar, que está a depreciar mais de 12% este ano face ao euro, "movimento que vai condicionar as avaliações/projeções e a evolução dos resultados ao longo do próximo semestre das empresas com receitas mais expostas ao dólar". É o caso da Navigator e da Altri. Pedro Barata concorda, dizendo estar "um pouco mais cauteloso" em relação às empresas do PSI com exposição ao setor da pasta de papel "que poderão atravessar momentos mais complicados devido ao ciclo negativo do preço da pasta neste momento". Por seu turno, a Jerónimo Martins pode estar exposta ao impacto cambial e a Mota-Engil "poderá enfrentar pressão nos próximos trimestres devido à elevada alavancagem financeira, riscos associados a geografias voláteis (como América Latina e África) e a sensibilidade às condições de financiamento", segundo o "head of trading" do Carregosa, que alerta ainda para o elevado rácio entre valor da empresa e EBITDA da Nos, para o PE alto da Corticeira Amorim ou para o comportamento menos cíclico da Sonae. A depreciação da moeda dos EUA face ao euro vai condicionar avaliações e resultados das empresas mais expostas ao país.
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