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Países do Médio Oriente apelam à contenção após ataque ao Irão
22/06/2025 12:28
Os vizinhos árabes do Irão apelaram à contenção e alertaram para as implicações potencialmente devastadoras para a região, depois de os ataques dos EUA ao programa nuclear de Teerão terem aumentado as perspectivas de uma guerra total no Médio Oriente.Em declarações proferidas no domingo, o ministério dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita condenou a violação da soberania do Irão, o Qatar alertou para as "consequências desastrosas" e Omã considerou-a "ilegal". Estes países, bem como os Emirados Árabes Unidos, tentaram durante meses utilizar o seu peso geopolítico e económico para promover as negociações nucleares entre os americanos e o Irão.Passaram a semana, desde que Israel lançou um ataque sem precedentes contra Teerão, a tentar evitar que os EUA interviessem diretamente. Os atentados de sábado à noite mostraram até que ponto estão reféns de forças completamente fora do seu controlo."Não creio que os Estados árabes do Golfo tenham muito controlo sobre o curso dos acontecimentos nesta fase", disse Hasan Alhasan, membro sénior para a política do Médio Oriente no IISS em Manama, Bahrein. "Não há garantias de que qualquer das partes em conflito, Irão, Israel ou os EUA, tenha em conta os interesses do Golfo."Numa conferência de imprensa no domingo, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão disse ter falado com os seus homólogos da região no dia anterior, que estavam "preocupados com um possível ataque dos Estados Unidos"."Quase todos eles estão muito preocupados e interessados em desempenhar um papel para acabar com esta agressão de Israel", disse Abbas Araghchi.Na região, há indícios de uma inquietação crescente, com pessoas a armazenarem provisões nos Emirados Árabes Unidos e no Kuwait. Entretanto, a British Airways suspendeu os voos para o Dubai e Doha, dois dos centros económicos da região.É um contraste gritante com o que se passou há pouco mais de um mês, quando o Presidente dos EUA, Donald Trump, visitou a Arábia Saudita, o Qatar e os Emirados Árabes Unidos na sua primeira viagem ao estrangeiro programada desde que regressou ao cargo. Na sua visita, Trump falou do potencial de triliões de dólares de comércio e investimento entre os EUA e o Golfo.Os líderes estão "a forjar um futuro em que o Médio Oriente é definido pelo comércio e não pelo caos", disse Trump na capital saudita, "onde pessoas de diferentes nações, religiões e credos constroem cidades em conjunto e não se bombardeiam mutuamente. Nós não queremos isso".O desafio central dos Estados árabes do Golfo é evitar que a escalada regional envolva os seus territórios, mantendo simultaneamente os laços estratégicos com os EUA", disse Ebtesam Al-Ketbi, diretor do Emirates Policy Center, um think tank com sede em Abu Dhabi. "É provável que adotem uma política de contenção pragmática, intensificação da prontidão da defesa e equilíbrio diplomático para conter as consequências."Os Estados do Golfo, embora aplaudam discretamente tudo o que faça recuar o programa nuclear iraniano, também continuam a recear a perspetiva de um vazio de poder em Teerão e o caos que uma mudança de regime poderia provocar, segundo funcionários da região que insistiram no anonimato para discutir assuntos sensíveis. O terrorismo e as guerras sectárias que se seguiram à guerra do Iraque de 2003 e à primavera Árabe são um fator importante.As decisões tomadas em Teerão nas próximas horas serão fundamentais. O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Araghchi, classificou a iniciativa dos EUA de "ultrajante", acrescentando que "o Irão reserva-se todas as opções para defender a sua soberania, os seus interesses e o seu povo".Ainda assim, os líderes iranianos terão de ponderar a opção de retaliação contra as ameaças dos EUA de novos ataques."O nosso objetivo era a destruição da capacidade de enriquecimento nuclear do Irão e o fim da ameaça nuclear representada pelo Estado patrocinador número 1 do terrorismo no mundo", disse Trump numa publicação nas redes sociais. "O Irão, o valentão do Médio Oriente, tem agora de fazer a paz. Se não o fizerem, os futuros ataques serão muito maiores - e muito mais fáceis."
