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Alterações climáticas arriscam desencadear crises da dívida
11/06/2025 10:30

As alterações climáticas colocam pressão sobre as finanças públicas e as dívidas dos países, podendo mesmo em casos extremos representar o risco de "default". As adaptações e os benefícios económicos conseguidos com uma transição para economias mais sustentáveis podem colmatar, em parte, o efeito e Portugal é dos países mais bem protegidos."Há duas questões relacionadas com as alterações climáticas e a sustentabilidade das dívidas. Uma delas é a transição para uma economia de baixo carbono, que cria pressões. Foi demonstrado, e constatamos no nosso estudo, que a transição para uma economia de baixo carbono aumenta as taxas de juro das dívidas soberanas", explica ao Negócios Stavros Zenios, professor de Gestão de Operações e Finanças na Universidade de Durham.O agravamento dos custos de financiamento resulta de uma subida do prémio de risco, face a "alterações no valor bruto acrescentado dos vários setores da economia para a economia nacional, o que por sua vez afeta o risco soberano", indica o académico. Mas há diferenças entre países, que residem principalmente na sensibilidade da economia de cada país à transição climática, bem como no quão dependente está dos combustíveis fósseis, o que faz com que a transição tenha um efeito mais adverso na economia."Por exemplo, verificamos que em países como Portugal, se nada for feito, o aumento da dívida é bastante reduzido devido à transição. Enquanto que para países como os EUA, Itália ou Índia, o aumento pode ser bastante substancial", refere, apontando para fatores como a composição do mix energético a nível nacional (incluindo uma fatia significativa de energias renováveis) ou a reduzida procura por aquecimento."Neste sentido, a transição não é muito afetada, mas há um segundo problema. A longo prazo, o efeito climático, as alterações climáticas afetam negativamente o crescimento do produto interno bruto (PIB)", adverte o co-autor de uma análise recentemente publicada pelo "think-thank" económico Bruegel.O estudo, também assinado por Matteo Calcaterra, Andrea Consiglio, Vincenzo Martorana e Massimo Tavoni, classifica como um problema fundamental para os governos, que implementam políticas climáticas, conseguirem gerir o aumento da dívida à medida que as suas economias sofrem com impactos climáticos adversos.Os autores desenvolveram, por isso, uma análise estocástica da sustentabilidade da dívida integrando um modelo acoplado de economia climática com a otimização de cenários de financiamento da dívida e realizaram testes de stress da dívida soberana para países representativos a nível global, de acordo com os cenários narrativos do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC).As projeções de dívida prospetivas ao longo de um século apontam para riscos significativos para a sustentabilidade da dívida soberana, particularmente sob elevados danos climáticos, que se agravam a partir de meados do século. Os custos esperados aumentam até 3% do PIB sob elevado impacto climático num mundo de rivalidades regionais, ou 0,25% sob baixo impacto numa narrativa intermédia, com uma variação "considerável" entre países.Neste domínio, o impacto "parece ser mais grave e mais substancial na pequena amostra de países que testámos", diz Stavros Zenios. "Num cenário em que nos mantemos próximos do Acordo de Paris, o cenário moderado, as coisas não são assim tão más. Os países terão de fazer um esforço para estabilizar a sua dívida, mas esse esforço é significativo, mas é controlável. Mas, no pior cenário climático, com temperaturas extremas, os países severamente afetados terão de apresentar excedentes entre os 2% e os 3%".Itália está no grupo dos países que seria mais afetado. Apesar de o estudo não incluir Portugal, o co-autor indica que o país é comparável a Itália. "Basicamente, isto significa que os danos climáticos severos podem ser um problema muito grande", avisa. Questionado sobre se há um risco de entrada em incumprimento por parte dos países, Stavros Zenios responde: "Sem dúvida"."Em cenários extremos de aumento da temperatura de 3,4 graus, o efeito sobre a dívida soberana é muito severo. Desenvolvemos projetos para mais de 100 anos, por isso há alguma incerteza. Mas, ao mesmo tempo, a direção é preocupante: o efeito sobre o crescimento pode ser significativo, o que cria problemas reais. E o que também descobrimos no nosso estudo é que a adaptação ajuda, mas não resolve realmente o problema. Ou seja, pode melhorar um pouco a situação, mas não a resolve de facto", sublinha.O estudo conclui que os investimentos em adaptação moderam os efeitos adversos e atingem o ponto de equilíbrio quando o Estado financia cerca de um terço do custo da adaptação. Contudo, constata que os governos não conseguem manter de forma sustentável os atuais níveis de despesa pública, mesmo num cenário de danos limitados."Esta conclusão torna ainda mais importante tomar medidas para nos aproximarmos do Acordo de Paris. Creio que as recomendações políticas que decorrem deste estudo são que a adaptação pode justificar o seu custo, evitando problemas futuros, mas a adaptação por si só não resolve o problema", defende o académico.Além do estudo publicado na Bruegel, Stavros Zenios é também co-autor de uma outra análise sobre sustentabilidade das dívidas soberanas. Este "mostra que a transição energética para uma economia de baixo carbono é menos penosa e mais viável"."Há diferenças entre países: alguns precisam de mais e outros de menos. Mas, no geral, se o crescimento da transição para uma economia verde aumentar em 0,5 pontos percentuais [do PIB], será suficiente para cobrir a pressão da transição para uma economia de baixo carbono. Estas são as notícias positivas de um estudo. O outro diz-nos que, dependendo do cenário climático que se venha a concretizar, os problemas podem ser de graves a muito graves", sumariza o cipriota.

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