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Papa, política e cravos. Assim foi o 25 de Abril no Parlamento
25/04/2025 14:50

Nos 51 anos do 25 de Abril, a cerimónia na Assembleia da República começou não em festa, mas com luto. A morte do Papa Francisco, na passada segunda-feira, mereceu, antes de qualquer coisa, um voto de pesar, seguido de um minuto de silêncio.

Este seria o denominador comum de quase todos os discursos, da esquerda à direita. Mas apesar elogiarem amplamente o sumo pontífice, o cancelamento, por parte do Governo, de algumas celebrações devido ao luto nacional, mereceu críticas. 

"A celebração do 25 de abril não se cancela, não se adia, a liberdade não se festeja com reservas, sabemos a importância do momento que vivemos", começou Isabel Mendes Lopes, líder da bancada parlamentar do Livre.

Já Pedro Nuno Santos disse que o cancelamento das celebrações do 25 de abril "não é só um ato de desvalorização da data maior da nossa democracia e de desrespeito pelos portugueses, é sinal de um Governo desligado do sentimento popular, incapaz de perceber que os portugueses mesmo 51 anos depois de abril se ofendem com quem desvaloriza a data que trouxe a democracia". Hoje, disse, "o povo sai à rua, enquanto o Governo fica à janela".

E com as eleições à porta, a 18 de maio, o líder do Partido Socialista não deixou passar a oportunidade de lembrar o que fez cair o Governo. "A democracia é hoje mais exigente do que alguma vez foi, exige transparência e ética superior a qualquer momento na história. Este imperativo democrático é incompatível com comportamentos de opacidade e ocultação", afirmou, numa referência velada ao caso Spinumviva.

O secretário-geral do Partido Socialista apontou ainda o dedo à extrema direita, que "não faz outra coisa que não seja explorar e ampliar a desesperança e a legítima indignação dos portugueses, dedica-se a parasitar as desilusões do povo". 

Mariana Mortágua fez também mira à extrema direita, lá fora e cá dentro, dizendo que "a política dos novos fascismos faz caminho". A líder do Bloco de Esquerda agradeceu aos capitães de Abril e a todos os que lutaram contra o fascismo. "Durante meio século a revolução de abril estancou a peste do racismo e do autoritarismo. E por isso, capitães de Abril, e a todos os que lutaram, eu quero dizer: obrigada. Cumpriram a vossa missão, agora é a nossa vez, este é o tempo que nos calhou viver". Durante o discurso, Mortágua foi, por várias vezes, interrompida pela bancada do Chega.

Sem surpresas, o partido de André Ventura criticou a celebração do que "é vazio, o que não interessa a ninguém" e afirmou: "Não me venham com cravos, venham-me com soluções para Portugal".

Grande parte do discurso foi focado dos imigrantes. "50 anos de abril, para dizermos que quem vem de fora tem direito a casa e a saúde, quem cá paga impostos não tem direito a nada e tem direito a pagá-los ainda mais", atirou. São os imigrantes, disse o líder do Chega, que tornaram Portugal "o país mais inseguro para as mulheres possível, onde os crimes sexuais aumentaram brutalmente". "Não aceitamos que outros venha para aqui objetificar as nossas mulheres", acusou.

Ainda na mesma nota, deixou um compromisso: "Enquanto o Chega aqui estiver nunca pagaremos um cêntimo de indemnização a nenhuma antiga colónia deste país".

Também com as mulheres em mente, mas focadas na luta contra a violência doméstica estiveram Teresa Morais, do PSD, e Inês Sousa Real, do PAN.

A vice-presidente do parlamento sublinhou que a democracia que temos é imperfeita, e prova disso são as "desigualdades que resistem na sociedade portuguesa, que ainda mantém as mulheres em níveis inferiores de participação política e decisão económica e de maior vulnerabilidade à violência doméstica, cuja erradicação deve ser considerada uma prioridade absoluta".

"Este é um objetivo civilizacional sem o qual nenhuma democracia pode ser considerada completa. Temos de conseguir fazer melhor e vamos fazer melhor", afirmou.

Já Inês Sousa Real referiu-se à violência doméstica como uma guerra "que não dá tréguas" e afeta pessoas "a quem faltou a liberdade".

Discursos em modo pré-campanha

A menos de um mês de mais umas eleições legislativas, vários partidos vieram apelar ao voto e exultar as suas conquistas. O caso mais direto foi o de Paulo Núncio, que depois de recordar que em 1975 "ficou à vista que o povo português queria uma democracia europeia e ocidental e não queria uma tutela político militar no regime democrático", acelerou até 2025.

O presidente do grupo parlamentar e vice-presidente do CDS-PP diz que "há quem tema um regresso à instabilidade crónica da 1.ªa República". "Por isso a AD pede aos portugueses para não deixarem a estabilidade nas mãos das oposições, que se entendem para destruir mas não para construir", apelou.

Exultando as conquistas da coligação no poder, o deputado sublinhou que "desde 1979 a fórmula AD nunca perdeu eleições legislativas, ficou sempre em primeiro lugar, é a preferência do país e voltará a sê-lo". Isto "porque todas as supostas alternativas implicam ou implicariam riscos severos de extremismos".

"O 25 de Abril abriu a democracia pluralista em Portugal. A 18 de maio os portugueses vão escolher entre avançar ou retroceder. Estamos confiantes: avançaremos", rematou.

Rui Rocha também apelou ao voto e defendeu que "a mudança é urgente e necessária" nas eleições do próximo mês. "É uma enorme oportunidade, já perdemos demasiado tempo".

O presidente da Iniciativa Liberal apontou o dedo ao que falta fazer desde o 25 de abril e afirmou que "parte do que Abril prometia, ainda está tão longe de se cumprir".

Foi neste tom que falou também o PCP, com António Filipe a apontar a desilusão com a atual governação. "Desencanto com o incumprimento de promessas feitas e com o defraudar de expectativas criadas. Deceção com uma ação governativa distante das promessas feitas e insensível às reais preocupações das pessoas. Descrença em relação a uma prática política que não contribui para a resolução dos problemas do povo e do país", enumerou.


O que tem a ver Francisco com o 25 de Abril? "Tudo", diz Marcelo Rebelo de Sousa

No seu último discurso como Presidente na cerimónia do 25 de Abril na Assembleia da República, Marcelo Rebelo de Sousa falou quase exclusivamente do Papa Francisco.

Católico convicto, o Presidente da República elogiou o falecido líder da Igreja, dizendo que era "quase parente muito próximo de muitos de nós".

Mas "o que tem a ver os factos, os problemas e o modo de Francisco com eles lidar, o que tem a ver com o 25 de Abril?" Segundo Marcelo, "tudo". "Dignidade humana, paz, justiça, liberdade, igualdade, solidariedade, fraternidade, abertura, inclusão, serviço aos outros, preferência pelos ignorados, omitidos e silenciados. E sobre essa confluência de imperativos humanos, humidade. A humildade de reconhecer o erro, de reconhecer a imperfeição a necessidade de recomeço", resumiu.

Na 10.ª vez que participa nesta cerimónia, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou a importância de tornar estas evocações "mais doação do que proclamação, mais encarnação de serviço do que afirmação de missão já cumprida, mais futuro do que passado". "Para que não se confunda o fundamental com o acessório, o duradouro com o efémero", disse.

O espírito do 25 de Abril, afirmou, deve andar de mãos dadas com o espírito de Francisco. "25 de Abril sempre? Sim, sobretudo se com a incessante busca dos valores, o pleno e descomplexado abraço a todas as pessoas e a atenção a todas as coisas, e a radical humildade que viveu e nos ensinou a viver Francisco. Que para sempre viva esse espírito. Viva a liberdade, viva a democracia, viva Portugal".

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