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Procura por crédito à habitação sobe, mas rendibilidade vai cair
16/04/2025 08:40

A procura por crédito à habitação está a aumentar, nota o Banco de Portugal (BdP). Esse aumento, que deverá continuar, vai coexistir com uma previsível queda da rendibilidade do sistema.

Segundo o inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito, "o nível geral das taxas de juro, o regime regulamentar e fiscal do mercado da habitação e, em menor grau, a confiança dos consumidores contribuíram para o aumento da procura". O supervisor não refere, de forma explícita, o potencial impacto da garantia pública de apoio aos jovens na compra da primeira habitação. 

No segmento das empresas o cenário varia consoante a dimensão: há um "ligeiro aumento por PME e por empréstimos de longo prazo e, em sentido oposto, ligeira diminuição por grandes empresas". 

O documento mostra as tendências nos últimos três meses, mas também as expetativas do sistema financeiro para o trimestre seguinte – que são de um "ligeiro aumento da procura de empréstimos tanto por empresas (por empréstimos de longo prazo e transversal à dimensão das empresas) como por particulares".

Taxas do BCE vão cortar rendibilidade

Sem surpresa, a redução das taxas de juro que o Banco Central Europeu (BCE) iniciou no ano passado está a ter impacto na rendibilidade dos bancos portugueses. E esse efeito negativo deverá continuar a fazer-se sentir. Os seis cortes que levaram a taxa de facilidade de depósito para os atuais 2,5% - chegou a ser de 4% - também se fizeram sentir nos indicadores do setor.

Ainda assim, dado que os cortes decididos pela entidade liderada por Christine Lagarde só começaram a meio do ano, a rendibilidade resistiu em 2024. A rendibilidade do ativo (ROA, sigla para a expressão inglesa "return on assets") aumentou 0,1 pontos percentuais (pp.) para 1,38%. Já a rendibilidade do capital próprio (ROE ou "return on equity") cresceu 0,33 pp. para 15,2%.

No inquérito agora publicado, dos cinco bancos que responderam às perguntas do supervisor (e que não são identificados no documento), três estimam que nos próximos seis meses as decisões sobre as taxas de juro do BCE terão um impacto negativo na rendibilidade. Dois entendem que os efeitos serão nulos.