"Doido", "iletrado" e "macho man". Críticas a Trump multiplicam-se
09/04/2025 09:30
As tarifas recíprocas anunciadas a 2 de abril pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, numa ação a que chamou de "Dia da Libertação", desencadearam nas três sessões bolsistas seguintes um vasto movimento de "selloff" a que não se assistia desde março de 2020, na pandemia de covid-19. Perante esta agitação, e apesar do alívio nos mercados sentido nesta terça-feira, foram já muitos os titãs de Wall Street - entre CEO de bancos, fundos e gestoras de ativos, bem como economistas e analistas - que se pronunciaram sobre a política tarifária do chefe da Casa Branca e do seu efeito na economia norte-americana e no resto do mundo. E os sinais variam entre o alarme, a condenação e a incredulidade.
O economista Nouriel Roubini, conhecido como "Dr. Doom" – profeta da desgraça, ou "Dr. Apocalipse" – por ter previsto o "crash" do imobiliário em 2007 e a consequente crise financeira de 2008, é uma das vozes manifestamente contra estas tarifas, tendo afirmado que a denominação "Dia da Libertação" é uma "ambígua linguagem Orwelliana". "Quaisquer que sejam as consequências destas tarifas – isto é, menor crescimento e inflação mais alta, e o quanto isso depende da eventual dimensão dessas taxas depois de negociações que serão feias e prolongadas –, não há de todo qualquer ‘libertação’: não para os consumidores, trabalhadores e empresas dos EUA, nem para o resto do mundo", escreveu na rede social X. E em declarações à Bloomberg foi mais longe: "Se Trump tiver algum cérebro, saberá que tem de recuar nesta escalada".
Já Paul Krugman, laureado com o Nobel da Economia em 2008, sublinhou na sua newsletter Substack que Trump "endoideceu por completo". "Se havia alguma esperança de que Trump se afastasse da beira do abismo, o seu anúncio – entre as tarifas elevadíssimas e as completas falsidades sobre o que outros países fazem – deve deitá-la por terra", frisou.
As críticas surgem de todas as geografias. "Acho que este foi o discurso mais idiota e economicamente iletrado que ouvi em toda a minha vida. E já ouvi muitos discursos maus. Estava repleto de mentiras e distorções", comentou ao canal France 24 Scott Lucas, professor de Estudos Americanos na University College Dublin. Lucas disse que a média ponderada das tarifas da União Europeia aos EUA é de 1%, quando Trump afirma que é de 39%.
E para Bill Ackman, fundador e gestor da Pershing Square Capital Management, os Estados Unidos caminham para um "inverno nuclear económico" se Trump seguir em frente com as tarifas aduaneiras que anunciou. E, por isso, defende uma pausa de 90 dias nesta política tarifária para permitir negociações de parte a parte. "Se no dia 9 de abril lançarmos uma guerra económica contra todos os países, o investimento empresarial vai parar, os consumidores vão fechar as carteiras e a reputação dos EUA junto do resto do mundo será duramente afetada – e demorará anos, e até talvez décadas, a reabilitá-la", advertiu.
Há já mesmo quem contabilize as perdas. "Nunca antes uma hora de retórica presidencial custou tanto dinheiro a tantas pessoas", escreveu Larry Summers no X. O ex-secretário do Tesouro da Administração Clinton diz que a melhor estimativa para as perdas – nos EUA – com esta política tarifária está agora próxima dos 30 biliões de dólares, ou 300.000 dólares por cada agregado familiar de quatro pessoas.
No mesmo sentido falou Mariana Mazzucato, que em declarações à ITV disse que estas tarifas "trarão inflação nos EUA e menos poder de consumo para os trabalhadores norte-americanos". Ainda assim, a professora de Economia da University College London, fala em estimativas não tão altas no que toca aos custos destas tarifas, que diz cifrarem-se entre 1.700 e 5.000 dólares por família.
Por seu lado, Bill Gross, cofundador da Pimco e conhecido como o "Rei das Obrigações", aconselhou os investidores a que se mantenham calmos e não tentem "apanhar uma faca no ar", devendo afastar-se agora da atual sangria nos mercados para depois tentarem procurar títulos mais baratos. "Penso que haverá tempo para comprar muitas destas pechinchas nos próximos dias, semanas ou meses", afirmou na CNBC. E isto porque considera que Trump "não irá recuar". "O Presidente Trump, para ser curto e grosso, é um ‘macho man’. E este macho não vai retroceder só porque o Nasdaq caiu 5%".
Ainda sobre o mesmo assunto, Mohamed El-Erian, principal conselheiro económico da Allianz e ex-CEO da Pimco, salientou no X que "o movimento de preços nos mercados financeiros, logo a seguir ao anúncio das tarifas, aponta para grandes preocupações em torno do crescimento económico".
A realidade de uma guerra comercial global também está a levar os CEO a fazerem o que tentaram evitar durante meses: criticar as políticas do Presidente. "É provável que assistamos a pressões inflacionistas", escreveu Jamie Dimon, presidente executivo do JPMorgan Chase, na carta anual do banco aos acionistas. "As primeiras consequências das tarifas serão significativamente estagflacionistas para os EUA", disse por sua vez Ray Dalio, fundador do "hedge fund" Bridgewater Associates.
Já o presidente executivo da BlackRock, Larry Fink, declarou - numa entrevista no Economic Club of New York - que a maioria dos CEO com que tem falado considera que "os Estados Unidos já estão em recessão". E advertiu para a possibilidade de as bolsas poderem recuar ainda mais, à medida que as tarifas de Trump forem desestabilizando a economia mundial.
"Nada disto faz sentido. Mas suponho que, desde novembro [presidenciais norte-americanas], ficámos imunes a toda esta insanidade", apontou por seu lado David Rosenberg na rede social X. "Terão as tarifas [externas] impedido a criação de riqueza na América? Penso que o 'slogan' [de Trump] deveria ser o verdadeiro: "Vamos tornar o mundo pobre outra vez" (e depois podemos comprá-lo com desconto)", criticou o fundador e presidente da Rosenberg Research & Associates.
E, claro, Donald Trump não resistiu a mais algumas "inverdades" que levaram grandes nomes do investimento nos EUA a terem de se pronunciar, como foi o caso dos gurus George Soros e Warren Buffett. Trump disse, numa publicação na Truth Social, que Soros pagou 100 milhões de dólares a cada um dos manifestantes que participaram nos protestos "Hands Off!" [contra as políticas do chefe da Casa Branca], mas, se isso fosse verdade, o investidor teria desembolsado um total de 500 biliões de dólares – e o certo é que o seu património está avaliado em 7,2 mil milhões de dólares, além de que o próprio PIB dos EUA fica muito aquém dessa exorbitância (27,72 biliões de dólares em 2023). Por outro lado, Buffett teve de vir a público negar que tivesse dito que as tarifas de Trump foram "a melhor medida económica em 50 anos". A verdade é que o fundador e CEO da Berkshire Hathaway não se pronunciou sobre as tarifas. Nem tão pouco o fez o fundador e presidente do Soros Fund Management.
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