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Riscos geopolíticos têm impacto curto no barril de petróleo
25/03/2025 08:40

O chamado ouro negro não tem tido o desempenho fulgurante do ouro amarelo. Isto porque, não sendo o petróleo um ativo de refúgio, não recolhe a mesma preferência dos investidores que se observa no metal precioso. Apesar de alguns picos, muito à conta dos riscos geopolíticos decorrentes das guerras, nos últimos tempos essas subidas têm sido de curta duração – e quando regressa às quedas, rapidamente eclipsa o que ganhou e fica mesmo com sinal vermelho.

O impacto das tensões geopolíticas no crude pode ser de curta ou longa duração. Os efeitos de curto prazo decorrem habitualmente de mudanças nos fundamentais da oferta e da procura. O impacto de curto prazo da recente guerra comercial EUA-China (no primeiro mandato de Donald Trump à frente da Casa Branca) foi significativo, mas ainda está por se determinar o seu impacto de longo prazo. E esse efeito varia também consoante a região. A título de exemplo, as tensões no Médio Oriente podem ter um efeito mais significativo nos preços do crude do que as tensões noutras regiões devido à elevada concentração de produção desta matéria-prima naquela zona do mundo.

E como está o atual cenário dos preços? Depois de fechar 2023 e 2024 com saldo negativo, o petróleo negoceia também em queda no acumulado deste ano. Quando as tensões no Médio Oriente ressurgem, o preço sobe, mas não tem conseguido aguentar-se em alta – em grande medida à conta dos receios de contração económica em muitos países que poderão ver-se afetados pelo agravamento das tarifas aduaneiras impostas pela Administração Trump. E isso não exclui os próprios Estados Unidos, que também serão vítimas destas medidas, havendo já quem aponte para a possibilidade de uma recessão.

Os investidores estão a considerar um risco elevado de interrupção no fornecimento de petróleo do Golfo.Ricardo Evangelista
CEO da ActivTrades Europe

A subida dos preços na semana passada não foi suficiente para retirar o petróleo do vermelho, em termos anuais. "Os investidores estão a considerar um risco elevado de interrupção no fornecimento de petróleo do Golfo, após os ataques das forças dos EUA às posições dos houthis no Iémen. Ao mesmo tempo, Israel retomou as operações terrestres e os ataques aéreos em Gaza, marcando aparentemente o fim do cessar-fogo mediado pelos EUA. Apesar disso, os ganhos nos preços mantiveram-se modestos, limitados por uma perspetiva negativa de procura, uma vez que a atividade económica global parece estar a abrandar", refere Ricardo Evangelista, CEO da ActivTrades Europe.

"Este sentimento foi reforçado pelo presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, que alertou – depois de o banco central ter mantido na semana passada as taxas de juro inalteradas – para o ressurgimento dos riscos inflacionistas, juntamente com a possibilidade de uma desaceleração económica, o que pode pesar sobre os preços do petróleo", acrescenta.

Há outro fator em linha. Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os seus aliados da OPEP+ vão colocar mais crude no mercado a partir de 1 de abril – o que pode fazer cair mais os preços. Ainda assim, há membros do cartel que têm produzido acima das suas quotas e que se comprometeram a serem mais cumpridores, pelo que a abertura de torneiras poderá ter pouco efeito – até porque serão apenas mais 130 mil barris por dia que a organização vai libertar no próximo mês.

O mercado do crude estará estreitamente equilibrado este ano.Giovanni Staunovo
Estratega de "commodities" do UBS

Será, então, que o crude vai ter mais um ano de números agregados negativos? No entender do UBS, pode não acontecer. "Continuamos a ouvir comentários de que o mercado petrolífero vai terminar o ano com um forte excedente de oferta. O último relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), por exemplo, diz que vai haver um excedente de 820 mil barris por dia no primeiro trimestre de 2025. Mas a AIE também reporta que os inventários globais visíveis caíram em cerca de 14 milhões de barris por dia entre finais de fevereiro e finais de dezembro de 2024 e aponta para um défice de 240 mil barris por dia em janeiro e fevereiro de 2025", sublinha Giovanni Staunovo, estratega de "commodities" do UBS.

Perante isto, acrescenta o analista do banco suíço, "para haver um excedente de 820 mil barris por dia no primeiro trimestre, os 'stocks' de crude teriam de aumentar quase 90 milhões de barris diários em março – assumindo que os números de janeiro e fevereiro não serão revistos". "Até agora, em março, os dados dos inventários petrolíferos que acompanhamos não sustentam esses números", refere Staunovo, dizendo que a AIE tenta explicar esta discrepância com "movimentos de 'stocks' em áreas onde os dados são limitados ou estão indisponíveis, ou atrasos na entrega dos relatórios".

No entender do estratega do UBS, embora alguns dados dos inventários possam ser revistos nos próximos meses, a curva dos futuros do petróleo continua a apontar para um mercado com menos oferta do que procura. Por isso, "mantemos a nossa visão de que o mercado do crude estará estreitamente equilibrado este ano, em contraste com as expectativas do mercado de maiores excedentes da matéria-prima".

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