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Incerteza tira banqueiros centrais do lugar do condutor
21/03/2025 11:00

A inflação estava controlada, o caminho da subida das taxas de juro estava percorrido e era hora de começar a inverter o sentido. Até há alguns meses era assim que se parecia a política monetária das principais geografias. Com uma guerra comercial e tensões geopolíticas a lançarem a incerteza sobre as economias - e os investidores a procurarem refúgio, largando os ativos de risco -, os banqueiros centrais estão a adotar posturas cada vez mais cautelosas.

"Uma incerteza política anormalmente elevada abalou os mercados financeiros este ano. A Fed pouco pode fazer para resolver isto – e ela própria está sujeita a isso", comentou Jean Boivin, diretor do BlackRock Investment Institute, sobre o encontro do banco central dos EUA, que terminou esta quarta-feira com a decisão de manter as taxas de juro inalteradas. "O presidente da Fed, Jerome Powell, sublinhou-o várias vezes, apontando a incerteza como uma razão para a 'inércia': o caminho da política implícito no 'dot plot' do comité não mudou, embora também tenha mostrado expectativas de menor crescimento e maior inflação", indica.

Tal como se esperava, o intervalo das taxas dos fundos federais ficou entre 4,25% e 4,5% e, mais importante, os decisores alertaram que "a incerteza em torno do panorama económico aumentou". Ainda assim, para já, a atualização do "dot plot" – o mapa trimestral que mostra como cada representante do banco central estima as mexidas nos juros diretores - não trouxe mudanças e aponta para uma diminuição de 50 pontos-base no total de 2025, o que se deverá dividir em dois cortes este ano.

"Dada a recente falta de progressos na inflação, a avaliação da Fed de um mercado de trabalho equilibrado e de tarifas a terem um impacto único na inflação deixou-a aberta a uma surpresa positiva na inflação, na nossa opinião. Acreditamos que a Fed terá dificuldade em cortar mais do que uma ou duas vezes este ano, mesmo que a incerteza prolongada comece a prejudicar o crescimento saudável", diz Jean Boivin.

Uma incerteza política anormalmente elevada abalou os mercados financeiros este ano. A Fed pouco pode fazer para resolver isto – e ela própria está sujeita a isso.Jean Boivin
Diretor do BlackRock Investment Institute

O mercado monetário aponta para que aconteça em julho e os investidores estão a validar a perspetiva de que os juros vão descer: a "yield" das Treasuries a dois anos caíram abaixo de 4%. Por seu turno, o índice do dólar – que mede a força do divisa dos EUA face às principais rivais – ganhou 0,43% para os 103,863 pontos, refletindo o diferencial no custo do dinheiro entre países. O franco suíço registou perdas na ordem dos 0,6% para 1,133 dólares, depois de o Banco Nacional da Suíça ter reduzido esta quinta-feira a sua principal taxa de juro em 25 pontos-base para 0,25% (na quinta descida consecutiva desde que começou a baixar juros, em março de 2024).

Em cinco encontros de bancos centrais esta semana, o suíço foi caso único. Tal como tinha feito o Banco do Japão, também o banco central da Suécia manteve os juros inalterados em 2,25% (tinha cortado seis vezes desde a primavera do ano passado e parou em janeiro), mas advertiu que está pronto a agir se os desenvolvimentos da economia global ameaçarem agravar a inflação.

Da mesma forma, o Banco da Inglaterra manteve esta quinta-feira as taxas de juro diretoras em 4,5% (por oito votos a favor e um contra), considerando que existem riscos para a economia britânica pela incerteza comercial e geopolítica a nível mundial e pela inflação persistente no Reino Unido. "A avaliação do crescimento a curto prazo foi, de facto, melhorada, apesar dos riscos, com a economia a registar uma expansão mais forte no primeiro trimestre do que o previsto anteriormente. Isto pode aliviar alguma pressão sobre o banco para que volte a baixar as taxas de juro na reunião de maio, o que está agora menos de 50% previsto pelos mercados de 'swaps'. No entanto, o comité enfrenta um desafio de equilíbrio pouco invejável, uma vez que se debate com as implicações económicas potencialmente prejudiciais de maiores restrições comerciais, por um lado, e com uma inflação persistente, por outro", consideram os analistas da Ebury.

[O Banco de Inglaterra] enfrenta um desafio de equilíbrio pouco invejável, uma vez que se debate com as implicações económicas potencialmente prejudiciais de maiores restrições comerciais, por um lado, e com uma inflação persistente, por outro.Analistas
Ebury

Após o encontro, a libra depreciou-se 0,25% para os 1,297 dólares e os mercados monetários reajustaram-se, atribuindo agora uma probabilidade de 60% de um corte de 25 pontos-base em maio (contra os anteriores 70%). No caso da Zona Euro -a moeda única cedeu 0,4% para 1,085 dólares - são esperados igualmente mais duas reduções este ano, para 2%, face aos atuais 2,5% da taxa de depósitos. O Banco Central Europeu (BCE) já tinha realizado a sua reunião de política monetária de março (no dia 6), mas houve também novidades nesta frente.

A presidente Christine Lagarde esteve na Comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu para falar da guerra comercial e avisou que a imposição pelos Estados Unidos de tarifas de 25% sobre importações europeias pode reduzir o crescimento da Zona Euro até 0,3 pontos percentuais no primeiro ano.

No curto prazo, a retaliação da UE e uma taxa de câmbio do euro mais fraca - resultante da menor procura de produtos europeus nos EUA - poderiam aumentar a inflação em aproximadamente meio ponto percentual. Garantiu, nesse sentido, que o banco central está "determinado" em garantir que a inflação estabiliza de forma sustentável na sua meta de médio prazo de 2%, sem se querer comprometer antecipadamente com uma trajetória de taxas específica, especialmente nas atuais condições incertas. 

A cautela de Lagarde foi replicada pelo membro do Conselho do BCE Klaas Knot, que apontou esta quinta-feira para a necessidade de avaliar o impacto do reforço das despesas com defesa na inflação, quando os decisores se reunirem novamente a 17 de abril. "Há muitos fatores que podem impulsionar a inflação, incluindo uma maior expansão orçamental no maior Estado-membro, e é exatamente isso que os mercados estão a incorporar", disse Knot, ao mesmo tempo que advertiu: "não sabemos se os mercados estão certos". Contudo, a opinião dos dois contrastou com os comentários do governador francês François Villeroy, que disse que ainda há margem para o BCE cortar juros. "Não estou preocupado com a inflação na Europa", garantiu.

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