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Desempregados da indústria automóvel sobem 32% num ano
21/03/2025 10:30

O setor da indústria automóvel, incluindo fabrico de carros e de componentes, regista há cinco meses o maior aumento de desempregados inscritos nos centros de emprego, em termos homólogos. Se de uma forma geral o aumento do desemprego abrandou para 2,3%, neste setor o crescimento foi de 31,7%.

No final de fevereiro do ano passado estavam registados nos centros de emprego 1.917 desempregados que trabalharam no fabrico de automóveis ou de componentes. No final de fevereiro deste ano eram 2.524, de acordo com os últimos dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

O setor já se destacava no final do ano, mas o grande salto deu-se em janeiro. E apesar de um ligeiro recuo em cadeia (-2% de janeiro para fevereiro), que acompanha os dados gerais, estas atividades de origem dos desempregados continuam a ser as que apresentam a maior variação no espaço de um ano.

Hélder Pedro, que é secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), dá essencialmente duas causas para encerramentos ou reduções de pessoal, nalguns casos com recurso a despedimentos coletivos, que "até agora" têm afetado mais o fabrico de componentes.

Por um lado, "a indústria nacional é fortemente exportadora, sobretudo para a Europa, e no ano passado os mercados ‘driver’ da UE neste setor tiveram um arrefecimento, estagnação, e nalguns casos mesmo redução", com a venda de elétricos a cair na Alemanha e em França.

Por outro lado, "tem a ver com os modelos para os quais as nossas empresas estão a fabricar" e com a transição para os elétricos, que exige em Portugal "uma readaptação dos nossos fornecedores". "O modelo elétrico tem menos componentes do que o mesmo modelo a gasolina ou a gasóleo", descreve.

Os dados do IEFP referem-se ao setor que agrega fabricação de veículos automóveis, de componentes e acessórios, de carroçarias e reboques ou de equipamento elétrico e eletrónico para veículos.

Em novembro, foi anunciado o encerramento da Coindu, em Arcos de Valdevez, com 350 postos de trabalho. Em dezembro, o pedido de insolvência da espanhola Cablerías, com 250 postos de trabalho em Valença.

Por retratarem a situação no final de fevereiro, estes dados ainda não terão em conta o impacto da reestruturação na japonesa Yazaki Saltano, que emprega 364 trabalhadores em Ovar, ou da Caetano Bus, que deu início ao despedimento de 45 trabalhadores em Gaia.

Em proporção, a lista dos maiores aumentos no número de desempregados ajuda a ilustrar o que se passa em cada setor. Entre os cinco maiores aumentos, quatro são do setor da indústria transformadora. A seguir ao automóvel destacam-se a fabricação de produtos petrolíferos e químicos, de equipamento informático e elétrico ou de imobiliário, todos estes com subidas entre os 20% e os 21%.

Em termos absolutos, pelo contrário, destacam-se áreas com menor aumento. De há um ano para cá, os maiores contributos em termos líquidos foram dados pelo alojamento e restauração (+3.702), pelo comércio por grosso e a retalho (+1.903) pela administração pública e atividades sociais (1.062) e pela construção (+1.028), valores absolutos que comparam com o aumento de 607 desempregados do setor automóvel. Os desempregados oriundos das atividades imobiliárias, pelo contrário, registaram uma redução de 6,1% (-5.806).

De uma forma global, o número de desempregados inscritos nos centros de emprego abrandou para 2,3% em fevereiro, em termos homólogos, quando comparado com o mesmo período do ano anterior. Face a janeiro, houve um recuo de 3%, o primeiro em cinco meses. O número de novas inscrições ao longo do mês também caiu.