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Trump pode ter impacto negativo de 0,5% no PIB da Zona Euro
09/11/2024 09:46

A eleição de Donald Trump terá consequências negativas para a Europa, tanto pelas tarifas como pelo aumento da despesa pública na Defesa, sendo que o impacto no PIB da Zona Euro pode atingir os 0,5%, calculam analistas.

 

Após as eleições de 05 de novembro, Donald Trump irá regressar à presidência dos Estados Unidos e o que se espera da sua governação, segundo os analistas consultados pela Agência Lusa, é uma política protecionista, nomeadamente com o aumento de tarifas aplicadas às importações.

 

"O principal efeito a médio prazo na área do euro é através do comércio", nota Thomas Hempell, analista da Generali AM, sendo que "com Trump, uma tarifa geral de 10% sobre as importações seria um fator de mudança que aumentaria os obstáculos fiscais e estruturais à economia da Zona Euro e poderia reduzir pelo menos 0,2 pontos percentuais" da sua previsão de crescimento do PIB de 1,0% para 2025.

 

Já os analistas da Goldman Sachs projetam que as mudanças de política poderão ter um "impacto de 0,5% no PIB real na área do euro, variando entre 0,6% na Alemanha e 0,3% em Itália, com um impacto moderado de 0,4% no Reino Unido".

 

"Esperamos que a maior parte do impacto no crescimento se materialize entre o 1.º trimestre de 2025 e o 4.º trimestre de 2025", indicam.

 

Os impactos económicos das propostas de Trump foram também analisados por economistas da London School of Economics, num estudo citado numa nota de análise da XTB, onde concluíram que os direitos aduaneiros propostos por Trump levariam a uma redução de 0,11% do crescimento na UE.

 

"No entanto, a aplicação de direitos aduaneiros de retaliação aos produtos fabricados nos EUA poderá aumentar a pressão no sentido da baixa do crescimento mundial a longo prazo", acrescentam.

 

A Alemanha será dos países do Velho Continente mais afetados por esta nova liderança, como destaca o instituto alemão ifo: "o rumo económico de Donald Trump irá colocar grandes problemas à Alemanha e à União Europeia", alertam, numa nota de análise.

 

As exportações alemãs para os EUA poderão cair cerca de 15% se forem aplicadas tarifas mais altas, estima o instituto.

 

"Trump está a seguir uma agenda claramente protecionista baseada em tarifas de importação mais elevadas e em maiores restrições ao comércio internacional, particularmente para a China e potencialmente também para a Europa", afirma o presidente do ifo, Clemens Fuest, citado na nota, onde recomenda tomar as precauções apropriadas.

 

Quanto ao impacto nas bolsas europeias, a Allianz GI destaca numa nota de análise que "tarifas mais elevadas poderão afetar as ações dos mercados europeus e emergentes, especialmente aqueles que dependem do mercado dos EUA, tais como fabricantes de bens de luxo, automóveis, produtores de aeronaves e empresas siderúrgicas".

 

Por outro lado, "as ações de valor no setor do petróleo, finanças e potencialmente infraestruturas poderiam beneficiar num tal cenário", admitem os analistas da Allianz GI.

 

Além dos impactos comerciais, são de destacar também as pressões para um aumento dos gastos militares. Como apontam os analistas da Goldman Sachs, "a reeleição de Trump provavelmente implicará gastos renovados com a defesa e pressões de segurança para a Europa".

 

A Generali AM também salienta que "a pressão sobre a Europa no sentido de mais despesas militares irá aumentar o stress fiscal, especialmente para os países que até agora não atingiram a meta de 2% da NATO".

 

"Isto também poderá induzir tensões políticas adicionais", sendo que as regras orçamentais europeias também terão de ser respeitadas, conclui.

 

O republicano Donald Trump foi eleito o 47.º Presidente dos Estados Unidos, tendo superado os 270 votos necessários no colégio eleitoral, quando ainda decorre o apuramento dos resultados.

 

O Partido Republicano recuperou ainda o Senado (câmara alta da Congresso) ao ultrapassar a fasquia de 51 eleitos, enquanto na Câmara dos Representantes (câmara baixa) os últimos dados indicam que se encontra igualmente na frente no apuramento, com 210 mandatos, a apenas oito da maioria.

 

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