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Transição climática chegou à arquitetura
25/01/2022 12:27

Apesar da pandemia, o mercado imobiliário resistiu aos desafios e manteve-se ativo mesmo durante o confinamento. Em entrevista, Gonçalo Byrne, presidente da Ordem dos Arquitectos, fala do importante contributo que este setor tem vindo a dar ao país, dos principais desafios que se colocam ao nível da arquitetura, nomeadamente no âmbito da eficiência energética, e da importância da promoção de uma estratégia de reconhecimento e qualificação da arquitetura.

 

A pandemia teve efeitos nefastos em vários setores, mas o mercado imobiliário tem conseguido resistir. A que atribuem essa resiliência?

É verdade que o setor conseguiu resistir. Desde logo porque não existiu uma verdadeira paragem durante o confinamento. Mas o setor da construção teve uma redução na sua atividade e na produção, bem como na armazenagem e distribuição de materiais. Embora não consideremos que ponha em causa o crescimento do setor, em termos económicos, assistimos à variação muito significativa de preços, conforme a disponibilidade dos produtos e mão de obra.

 

A crise energética, o aumento dos custos das matérias-primas e o dos custos logísticos são, em parte, resultado da redução da atividade económica, imposta pelo combate à pandemia. As cadeias de produção, e a logística, estão a recuperar o tempo perdido desde o início da pandemia, quando foi necessário reduzir a produção e armazenamento de matérias-primas e de produtos transformados, devido à redução da atividade. Mas desde o início da pandemia que assistimos a declarações de promotores privados indicando que os projetos não parariam. E, desde logo, o setor público promoveu, através do Governo e algumas autarquias, uma série de medidas para minorar os efeitos da paragem das atividades, bem como vários pacotes de investimento público na construção e, consequentemente, nos projetos, em setores como a habitação, espaço público, infraestruturas, etc.

 

E como poderá evoluir o setor em 2022?

Continuamos num momento de incerteza. Sendo difícil de prever a evolução natural da conjuntura em 2022, poderemos apontar caminhos. Para fazer face a uma possível falta de mão de obra e a uma possível escalada dos preços dos materiais de construção, deveremos procurar novas possibilidades de materiais e processos construtivos.

 

Do que fala exatamente?

A prefabricação e a digitalização da construção podem desempenhar um importante papel no aumento de produtividade, reduzindo o tempo e os custos de obra. A produção de elementos com recurso a processos digitais e máquinas industriais/produção em oficina para posterior montagem em obra consegue reduzir tempo, custos de contexto, desperdício, erros e omissões, sempre sem descurar a procura da qualidade construtiva e arquitetónica e a sustentabilidade na procura da neutralidade carbónica.

 

Falou em neutralidade carbónica…

A construção é responsável por 40% da emissão de CO2 e será necessária uma adaptação e modernização do setor da construção, dando mais atenção e investimento à indústria produtiva de forma a garantir materiais sustentáveis e a mão de obra necessária à recuperação da economia portuguesa, em linha com os objetivos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e os princípios do Green Deal. Importa convocar a questão da durabilidade e da qualidade da construção, transcendendo a estrutura dominante que tende a entender por qualidade o cumprimento simplista de metas quantitativas. A promoção de uma estratégia de reconhecimento e qualificação da arquitetura é essencial para obter um território nacional, natural e construído, equilibrado, resiliente e "sustentável".

 

Nesse sentido, que grandes desafios aguardam os arquitetos este ano?

Sendo Portugal um dos países que serão mais afetados pelos efeitos das alterações climáticas, a nível da erosão costeira, do risco de subida do nível do mar, da desertificação e nos incêndios florestais, a transição climática é o grande tema da atualidade. A renovação dos edifícios, públicos ou privados, é uma iniciativa-chave para impulsionar a eficiência energética no setor e cumprir os objetivos de descarbonização. A qualidade da intervenção é essencial para melhorar a qualidade de vida e para a mitigação das alterações climáticas, seja por via da eficiência energética e redução/eliminação da pegada carbónica, seja pelo fator tempo e a durabilidade da intervenção, tanto em reabilitação como em construção nova. A construção economicista do menor preço é antagónica aos princípios da sustentabilidade ambiental e aos compromissos de redução de emissões de GEE. É necessário criar programas e instrumentos para investir na durabilidade da construção e reduzir o desperdício de materiais e mão de obra.

 

Naturalmente temos como grandes desafios aqueles que decorrem do PRR, esse colossal pacote de obras públicas que, desde logo, coloca um enorme investimento na resposta às necessidades ao nível da habitação.

 

E ao nível do digital?

A transição digital é outro desafio e coloca-se, simultaneamente, na indústria e no desenvolvimento das ferramentas de projeto através do BIM – Building Information Modeling. É necessário apoiar técnica e financeiramente as empresas e agentes do setor na transição digital para o sistema BIM, com especial atenção para as entidades licenciadoras, câmaras municipais, direções regionais, direções nacionais.

Ordem dos Arquitectos diz presente

 

A Ordem dos Arquitectos tem dito presente ao longo dos tempos aos desafios que se colocam à classe, apresentando-se muito atenta à nova dinâmica, nomeadamente no setor público. Segundo explicou o seu presidente, Gonçalo Byrne, a Ordem tem "participado publicamente em todas as iniciativas legislativas e documentos estruturantes na resposta à crise pandémica".

Internamente, têm ainda "apostado em reunir especialistas nas áreas de sustentabilidade, habitação e transição digital" para estarem devidamente capacitados para cumprir a sua principal missão: "A de assegurar a salvaguarda do interesse constitucional por um correto ordenamento do território, por um urbanismo de qualidade, pela defesa e promoção da paisagem, do património edificado, do ambiente, da qualidade de vida e pelo direito à arquitetura."



A qualidade da intervenção é essencial para melhorar a qualidade de vida e para a mitigação das alterações climáticas Gonçalo Byrne, presidente da Ordem dos Arquitectos

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