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Duelo de titãs
06/05/2021 18:34

Nos dois extremos da discussão de como vai ser organizado o trabalho num mundo pós-pandemia estão a banca de investimento e as tecnológicas. Os grandes bancos – Goldman Sachs, JPMorgan, Barclays – afirmam que esta solução de trabalho remoto não é a ideal. Na sua opinião é uma situação “anormal” que vai ser corrigida com o tempo. Apesar das aprendizagens positivas resultantes do confinamento, flexibilidade e redução de custos, o trabalho remoto não é compatível com as suas exigências de inovação e colaboração.

A sua principal preocupação é a necessidade de preservar a cultura corporativa e ao mesmo tempo motivar os colaboradores. Um dos desafios colocados pela Goldman Sachs é a formação dos seus 3.000 juniores. A banca de investimento tem operações de elevada responsabilidade, com métricas complicadas que precisam de supervisão. Por outro lado, receiam a quebra de produtividade, falta de privacidade nos locais alternativos ao escritório e fadiga digital resultante dos processos de trabalho remoto.

No outro lado da discussão, as tecnológicas defendem precisamente o contrário. Afirmam que o trabalho remoto melhora a produtividade, o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, a retenção de talento, e ainda lhes proporciona uma plataforma mais vasta de recrutamento, sem as restrições da proximidade física ao local de trabalho. O principal motivo de desconfiança dos seus críticos é o facto de terem interesses investidos nesta solução e por isso a necessidade de defender os seus produtos e apregoar os seus benefícios.

Segundo a BBC, se de um lado estão os que promovem o trabalho remoto “biscateiro”, e do outro os que querem os empregados com o “rabo na cadeira”, a maioria das empresas defende soluções mistas, mais equilibradas. Estas soluções não se aplicam a todos os setores, empregos e funções e vão variar de forma arbitrária consoante os efeitos que possam ter na atividade da empresa.

Quando questionados, mais de 90% dos trabalhadores gostariam de poder optar por uma solução mista. Este número é determinante pois as empresas que não oferecerem esta possibilidade vão ter mais dificuldade em recrutar talento. Contudo, numa sondagem realizada esta semana pela Bloomberg, relativa aos trabalhadores de Wall Street, 60% dos inquiridos apoiam o regresso ao escritório. Este é um indício de como a pressão de cada setor vai influenciar a solução a seguir.

Aquilo que também se torna evidente é que, trabalhadores e empresas, influenciados pelo sentimento social durante a pandemia, não estão a antecipar as implicações do trabalho remoto. A Alphabet anunciou um investimento de 7 mil milhões de dólares na remodelação dos seus escritórios, justificada pela necessidade de construir a comunidade Google e a sua cultura colaborativa, que depende em grande parte da proximidade física. A pausa para o café, convívio de corredor, entreajuda, linguagem corporal, amizade entre colegas, são aspetos cruciais das relações interpessoais no trabalho.

Este desafio começa nos mais jovens, aparentemente os que mais beneficiam dessa atmosfera de socialização no início das suas carreiras. 82% dos inquiridos com menos de 30 anos dizem sentir-se menos “ligados” aos colegas e à empresa, com menos acesso a conhecimento e a recursos importantes para o seu crescimento. São particularmente penalizados os mais introvertidos, que não manifestam essas dificuldades. Os soft skills que resultam dos ambientes de equipa, como sejam a capacidade de comunicação e colaboração, podem estar igualmente ameaçados.

Os benefícios mais referidos do trabalho remoto são a flexibilidade na organização de tarefas, menos tempo de deslocações, menos custos em transporte, alimentação e por vezes na renda e mais tempo com a família. Contudo, a imersão tecnológica, que visa criar rotinas digitais entre colegas, e o tempo que levam algumas tarefas simples quando executadas em ambiente presencial, são um fator de elevado desgaste. Isto para não falar da muito debatida dificuldade em distinguir o tempo de trabalho do tempo pessoal.

Uma das questões importantes que estão a surgir nas soluções livres, e motivo pelo qual as empresas de Wall Street preveem uma normalização do regresso ao escritório, é a discrepância que pode surgir no futuro resultante das escolhas individuais. Ou seja, um trabalhador que opte pelo trabalho no escritório pode ter vantagem sobre um colega em trabalho remoto, precisamente por não terem alguns dos obstáculos tecnológicos no relacionamento pessoal e acesso a conhecimento e oportunidades.

As empresas estão a eliminar fatores de desequilíbrio e a desenvolver formas de melhorar a produtividade. As pessoas, por sua vez, sentem-se cansadas e inseguras em relação ao futuro do trabalho. Esta discussão surge num momento particularmente frágil da humanidade, com alterações significativas na forma como as empresas, negócios, talento e oportunidades interagem. Não existem por enquanto soluções certas e erradas.

 

Um trabalhador que opte pelo trabalho no escritório pode ter vantagem sobre um colega em trabalho remoto.

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