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Desigualdade para todos: o regresso ao velho normal, será?
15/07/2020 10:30

Disse Winston Churchill, e eu concordo, que "um pessimista vê dificuldade em todas as oportunidades e um otimista vê a oportunidade em cada dificuldade" (tradução livre). Apesar de ser ponderada e de me preocupar com quase tudo, há uma fonte de energia em mim que costuma garantir uma certa alegria e algum dinamismo. Se tivesse de o fazer, penso que me classificaria na categoria dos otimistas. No momento atual que estamos a viver, esta distinção entre uma coisa e outra não é um mero exercício lúdico para ocupar o tempo pensando em cada pessoa com quem nos cruzamos (virtualmente, é claro) e encaixando-a na classe P ou na classe O. O que se passa atualmente é que a crise pandémica nos obrigou a parar, implica desconfiança quanto à capacidade de retoma económica, em particular nos moldes que conhecíamos antes (o "velho normal") e faz-nos pensar.

 

Cada um de nós encerrará em si um pequeno (grande) pessimista (otimista), em diferentes dosagens. Numa abordagem nada científica, diria que o meu portefólio tem 20-30% de pessimista e 80-70% de otimista, segundo esta definição. E, mais, creio que o mundo chegou a um tal ponto de saturação de um certo modelo de crescimento que deveria ser evidente aos olhos de todos que é necessário mudar muita coisa e reencaminhar a atividade económica (o modo de vida da humanidade) com outras regras. Ainda vamos a tempo de o fazer, mas precisaremos de muita imaginação e de determinação ainda em maior dose - coordenar uma mudança grande, planetária, que implica sacrifícios pessoais de todos, inclusive de quem está mais bem instalado, será possível?

 

No início da pandemia, o medo e o amor à vida trouxeram à superfície um certo espírito de irmandade da espécie - a defesa da vida (da minha, mas também da dos outros) acima de tudo e o elogio dos cuidadores, daqueles que não têm a escolha do teletrabalho. Juntando-se à pandemia a consciência dos limites atingidos na crise ambiental, houve uma janela de oportunidade. Para uma sociedade mais verde, menos desigual, que perdurasse. Ainda é possível que se deem passos nessa direção, mas o discurso da maioria dos que têm voz pública e efetiva capacidade de decisão é hoje mais pessimista. Eu também estou preocupada com a recessão, a dívida e o futuro de uma série de setores, com realismo. Mas não me posso derrotar por essa visão e por essa forma de encarar a vida e o futuro; tenho a obrigação, até por uma questão de altruísmo, de ser otimista e só o poderei ser se o praticar, sendo construtiva. Estudando, ensinando, implementando e apelando à mudança.

 

No auge do confinamento, pairou no ar a consciência de que deveríamos caminhar para um "novo normal" mais sustentável e menos desigual - para além do reconhecimento generalizado da importância do trabalho dos profissionais de saúde, sentiu-se o valor daquelas profissões que muitos associam a menores qualificações, menor valor acrescentado e com ausência de "talento", segundo o jargão atual: quem nos amassou o pão colheu a fruta, cortou a carne, pescou o peixe, recolheu o lixo, e por aí fora. Todos estes trabalhos menos qualificados não foram menos importantes do que o meu trabalho, como professora catedrática, com estudos e experiência profissional nas melhores universidades mundiais e à frente de uma grande Escola de Economia e Gestão.

 

É muito bom que haja desigualdade - no sentido em que podemos ser todos diferentes, desiguais e somos mesmo! Mas desigualdade pode também significar discriminação nas oportunidades que se dão a cada um e falta de respeito no reconhecimento do valor intrínseco do seu trabalho. Todos respiramos as mesmas 24 horas do dia. Ou será que estamos esquecidos e vamos voltar ao "velho normal"? 

 

P.S. - Parabéns ao ISEG pela entrada fulgurante nos rankings do Financial Times 2020! E logo com a especialidade do meu jornal de eleição, com o Mestrado Finance, que se classificou em #31 no top mundial em que apenas 55 universidades são selecionadas. É fantástico ter este reconhecimento - nós já sabíamos que o nosso mestrado é top: na preparação de proximidade que permite, no ambiente colegial que se respira, no rigor analítico, na visão e na perspetiva humanista. Não é por acaso que os nossos alunos são tetracampeões em Portugal da maior competição entre equipas dos mestrados em finanças, o CFA Research Challenge, 2017, 2018, 2019 e 2020. E vice-campeões europeus! Mas a melhor notícia é para todos os portugueses e para todos os que vivem em Portugal: orgulho na qualidade da nossa formação; e orgulho maior numa faculdade que não prescinde da sua identidade, do pensamento e da opinião livre e plural, sem que a economia conte menos do que a gestão ou vice-versa; uma escola com espírito de "academia", independente, com debate, com desígnio, que não é só mais do mesmo.

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