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O milagre de Centeno
23/06/2020 18:57

Mário Centeno saiu do Governo num andor, santificado pelo PS como o autor do milagre com que os socialistas ressuscitaram as finanças da pátria. Acontece que, se Centeno é responsável por alguma coisa, é por demonstrar que, nestas coisas, não há milagres.
Convém lembrar 2015. Quem ouvisse o PS e os companheiros da “geringonça” no início da anterior legislatura, ficava com a ideia de que tudo era possível, ao mesmo tempo e à mesma velocidade: a reposição de salários, a redução da carga fiscal, o aumento do investimento nos serviços públicos. Nem que para isso, diziam alguns com patriotismo generoso, fosse necessário enfrentar a União Europeia, fazer uma “leitura inteligente” dos tratados, renegociar a dívida e ser um pouco mais relaxado com a redução do défice do que tinha sido a direita cruel do tempo da troika.
No final de contas, a governação não teve o lirismo anunciado. É certo que se foi repondo parte de alguns salários e parte dos apoios sociais, e reduzindo o IRS em alguns escalões. Mas tudo isso foi proporcionado por uma conjuntura internacional favorável, na qual Portugal alpendorou o seu crescimento económico, e compensado quer com o aumento da carga fiscal global, especialmente na tributação indirecta (a que é socialmente mais injusta), quer com recordes mínimos de investimento público.
Quanto à parte de maior fantasia, Centeno (entretanto também presidente do Eurogrupo) não esteve para dar aconchego aos intuitos de confrontação com a “ortodoxia” de Bruxelas. Quis uma redução do défice mais acelerada do que havia prometido e naturalmente não quis saber da renegociação da dívida. Sim, é verdade que ainda viu o PS e o Bloco de Esquerda entreterem-se com um “grupo de trabalho” sobre esse assunto, mas o relatório que o agrupamento patusco produziu em 2017 jaz desde então em parte incerta.
No fundo, o que Centeno engendrou foi uma estratégia mais ou menos ilusória, mas política e eleitoralmente inteligente, de “reversão da austeridade”: privilegiou o que as pessoas conseguem facilmente medir, porque o vêm todos os meses no recibo de vencimento e na conta bancária (os salários, o IRS, os apoios directos), e sacrificou o resto.
A imagem de Mário Centeno à saída não é tão reluzente quanto a imagem do mago das Finanças. Não acredito em homens providenciais nem penso que seja propriamente antipatriótico que Centeno queira ir tratar da sua vida longe do Terreiro do Paço, depois de lá ter estado o tempo que esteve. Mas a imagem que passa é a das notícias sobre as birras e as exigências do ex-ministro, e a de este não ter saído no fim da anterior legislatura, para sair poucos meses depois do início da actual – em vésperas de se abrir a vaga de governador do Banco de Portugal. É a imagem de quem se limitou a definir os tempos da sua carreira enquanto governante de acordo com os tempos da sua carreira profissional.
E por isso, claro, Centeno passa a imagem de quem brilhou em tempos de facilidade mas despreza e receia as dificuldades do tempo novo, e de quem se preocupa menos com o contributo que poderia dar, a partir do lugar em que estava, no momento mais difícil para gerações inteiras de portugueses, e mais com a protecção do seu legado.
O legado com que Centeno quer ir para o pedestal é o do homem que chegou a um partido que fora corrido do poder por causa de uma bancarrota, e que enquanto estava na oposição atacava “a obsessão do défice” dos outros, mas que, regressado ao Governo, chegou ao ponto de espalhar pelo país cartazes que celebravam “o défice mais baixo da história da democracia” e de exultar com o primeiro superavit do regime. Talvez seja esse o verdadeiro milagre de Mário Centeno.

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