70% dos trabalhadores têxteis podem receber ordenado mínimo em 2020
09/12/2019 16:30
Sete em cada dez trabalhadores da indústria têxtil e do vestuário podem começar a levar para casa ao final do mês o equivalente ao salário mínimo nacional (SMN) já a partir de janeiro, quando a remuneração mínima no país aumentar para 635 euros.
A estimativa é da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis, Lanifícios, Vestuário, Calçado e Peles de Portugal (Fesete), que esta segunda-feira, 9 de dezembro, antecipou ao JN que "vai haver um número muito grande de trabalhadores que vai ficar abrangido pelo salário mínimo".
"Aos que já ganham por esta tabela – perto de 40% – há que somar os que recebem atualmente 635 euros e que não vão ver o salário aumentar em janeiro", contabilizou a dirigente sindical, Isabel Tavares, em referência à medida aprovada recentemente pelo Governo socialista.
No horizonte da legislatura, até 2023, o Executivo quer que o SMN atinja os 750 euros. Apesar de ter avançado agora sem acordo, já reiterou o objetivo inscrito no Programa do Governo: incluir num próximo acordo uma trajetória de atualização real em cada ano, de forma previsível mas sempre dependente da evolução do emprego e do crescimento económico.
Reconhecendo que "é natural que o número de pessoas abrangidas pelo SMN aumente, mas longe dos 70%", Mário Jorge Machado, presidente da ATP, uma das associações do setor, acusou os representantes dos trabalhadores de estarem a ser "derrotistas", em declarações à mesma publicação.
Porém, o empresário que sucedeu a Paulo Melo à frente desta associação fez dos sucessivos aumentos do salário mínimo nos últimos anos um dos destaques no fórum anual desta indústria, que aconteceu na semana passada em Famalicão, durante o qual desenhou um cenário de destruição de milhares de empresas e de postos de trabalho no setor até 2025.
"Os salários devem estar ligados à inflação e à produtividade, sob pena de estarmos a condenar a competitividade a prazo", frisou Machado. Discursando perante o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, o líder da Adalberto Estampados dramatizou mesmo que esta evolução remuneratória "ameaça as empresas que competem à escala global e pode condená-las ao desaparecimento".
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