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Alvarinho é a maior riqueza de Melgaço
22/04/2019 15:23

Há 30 anos, quem fosse a Melgaço ainda via os resquícios de uma agricultura feita do milho, do vinho colocado em bordadura e de algum gado da zona baixa do município.
Há 30 anos que o território de Melgaço está mudança. Hoje, a paisagem na zona baixa do município, ou seja, junto ao rio Minho, até uma quota de 200 a 250 metros, é uma paisagem vínica, que continua a crescer de dia para dia.
O município celebra a 25ª edição da Festa do Alvarinho e do Fumeiro, nos próximos dias 26 a 28 de abril. Aproveitando esta ocasião, falámos com Manoel Batista Calçada Pombal, presidente da Câmara Municipal de Melgaço, sobre a importância do Alvarinho para o município que preside.
 
O que diferencia o Alvarinho de outras castas de vinho verde?
Tenho dificuldade em, tecnicamente, fazer diferenciação de castas, embora haja, com certeza, quem saiba fazê-lo. O que me parece mais importante dizer é o que diferencia a casta no território ou fora dele. Mais do que a diferenciação das castas entre si. A região demarcada do vinho verde tem castas muito interessantes que se desenvolvem em vários pontos da região do vinho verde, compreendida entre os rios Douro e Minho.
Em Monção e Melgaço, claramente, a casta rainha é o Alvarinho. Essa é a distinção que interessa fazer. Esta casta consegue revelar-se em Monção e Melgaço como não consegue no resto da região e muito menos no resto de Portugal.
 
Podemos falar de uma fileira de Alvarinho em Melgaço?
Sim. Não tenho dúvida de que hoje temos uma fileira de Alvarinho. Ampliaria a fileira ao vinho e não só ao Alvarinho, deixando sempre com esta nota, é a casta que nos caracteriza.
 
Que valor representa a fileira do vinho para o município?
Esta fileira cria riqueza. Existe um conjunto de atores ligados à produção do vinho muito importantes. Primeiro: os produtores de uva. Em Melgaço são umas centenas, se não mais de um milhar. Temos características muito próprias como o minifúndio, típico no Alto Minho. Temos muitas parcelas que pertencem a um conjunto muito elevado de produtores. O produtor de uva é um dos elementos fundamentais da fileira do vinho. Por ser assim, temos uma produção de uva reticulada e cara. É a uva mais cara do país.
 
Qual é o preço médio da uva Alvarinho?
Paga-se em alguns momentos a 1 euro, noutros um pouco menos, noutros um pouco mais. O preço médio anda à volta de 1 euro. Isso permite uma distribuição muito reticulada da riqueza por todo o território, o que é muito importante. Hoje há muita gente a viver, alguns de forma complementar e outros de forma absoluta, da produção de uva no território.
 
Além dos produtores de uva, há produtores de vinho. Quantos estão localizados em Melgaço?
Ainda são em número bastante considerável. Isto porque Melgaço, neste crescimento de 30 anos, não tinha adega cooperativa, ao contrário de Monção, outro município importante no território. Como Monção tinha a adega cooperativa, a produção de vinho centrou-se na adega e apareceram poucos produtores autónomos a produzir vinho. Contudo, Melgaço não tinha adega – embora depois tivesse aparecido a Quintas de Melgaço, que tem um pouco a figura de adega, mas não é. Isso permitiu que fosse crescendo um conjunto elevado de produtores de vinho.
Melgaço tem cerca de 30 produtores de vinhos. Alguns com mais expressão; outros com maior dimensão, nacional e até internacional. Isso é ótimo. Começamos a ter alguns players na área da produção com grande dimensão, força e pujança.
A vinha tem trabalho todo o ano. Seja de serviços à vinha ou venda de produtos para a vinha, o que desenvolve imenso o território e cria riqueza e empresas à volta desta fileira.

Qual é o peso deste setor no PIB do município?
Grande! Em contas feitas por alto, em 2017 a venda de produção de vinho estava acima dos 30 milhões de euros. Estamos a falar na região de Monção e Melgaço. Estamos a caminhar a passos largos para que este valor chegue aos 50 milhões na região de Monção e Melgaço. Este valor é considerável, pois nem Monção nem Melgaço têm uma economia altamente industrializada.
 
Estes 50 milhões de euros é uma estimativa a quanto tempo?
Não sei. Não quero ser demasiado otimista. Mas estou bastante otimista porque percebo a confiança de quem está no terreno. Na semana passada, apresentaram-me contas de uma empresa da qual a câmara é associada e as contas revelaram, em 2018, um crescimento de 7% a 8%. Há algumas empresas do setor a ter crescimentos de dois dígitos.
 
Um crescimento superior ao da economia…
Sim. Estamos a crescer muito bem. Assentamos esse crescimento tanto na quantidade – a plantação de vinha tem sido sustentada e há caminho no território para continuar a fazê-lo – como no valor. Na empresa de que falei, constatou-se que se cresceu 7% em vendas em 2018 apesar de se ter reduzido o número de garrafas vendidas em 100 mil unidades. Ou seja: com menos quantidade de garrafas vendidas crescemos 7%, o que é relevante e muito interessante.

É um indicador de aposta na qualidade em detrimento do volume?
Temos conseguido fazer produtos diferenciados de altíssima qualidade, que começam a ter um valor acrescido e que terão um caminho muito interessante também para fazer nessa escala de valor.
Quando me perguntam pelo futuro da região, costumo dar uma nota: sempre que viajo de avião e desço as escadas no aeroporto, vou sempre a ver a prateleira de vinhos – o que também faço nos supermercados para ver onde estão posicionados os nosso vinhos –, nesta está um vinho da região, que não vou dizer o nome do produtor, a que está associado um preço de 89, 90 euros. Neste momento, a região já consegue produzir vinho com um valor desta ordem. Sei que não representa nem 1% do negócio, mas é um sinal de que estamos a crescer em valor.
 
Quantos hectares de vinha há neste momento na região? E o que é expectável que seja plantado nos próximos dois ou três anos?
Há um ano falava-se de 500 hectares de vinha na região. Não é uma expressão muito elevada, a região é pequena. Continua a crescer em plantações e há investimento, algum em pequenas parcelas e outro em áreas maiores compradas por grandes produtores, que sendo da região fazem uma grande aposta. Há ainda produtores que começam a chegar de fora, o que é muito interessante. Há apetência de grandes nomes da área dos vinhos de outros pontos do país que têm enorme interesse em investir na região Monção e Melgaço, concretamente em Melgaço. Muitas das vinhas desses 500 hectares são novas e estão em franco crescimento. Daqui a dois ou três anos terão uma produção muito elevada.
 
Quantos litros são produzidos de Alvarinho por ano? E quantas garrafas?
A Adega Cooperativa de Monção fará uma coisa perto dos 10 milhões de litros. O resto da região fará mais do que isso.
 
O que é preciso melhorar nos produtores de Alvarinho?
Não quero, nem posso fazer essa avaliação. O que posso acrescentar é que o percurso feito nos últimos anos pelos produtores de Alvarinho da nossa região é absolutamente fabuloso. Não é possível encontrar vinhos mal produzidos na região.
Foram inteligentes quando há 20 anos foram capazes de integrar conhecimento, convidando bons enólogos para trabalharem as suas colheitas e enveredar por um percurso de qualidade sem fazer as coisas a olho, apostando na diferenciação dos produtos.
Há 20 anos, na Festa do Alvarinho, encontraríamos aquilo a que chamamos os vinhos clássicos. E mais não. Havia espumante… os vinhos base. Nos últimos 10 a 15 anos, surgiu uma variedade enorme de vinhos. Há uma capacidade de escolher uva para produzir vinhos específicos. As vinhas mais antigas produzem vinhos muito específicos. A vinha mais de montanha é utilizada para produzir vinhos com características mais graníticas… a utilização da madeira, enfim. Tem sido feito um percurso fabuloso e hoje temos vinhos deliciosos e de grande qualidade. Há sempre melhorias a fazer, inovação, gostos de mercado… mas nesta questão fico-me pelo reconhecimento do feito.
 
Qual a produção de Alvarinho vendida em Portugal e no estrangeiro?
A produção neste momento tem uma quota de exportação muito grande. Há empresas com uma quota de exportação na ordem dos 45%. O que é muito bom, porque os mercados externos estão a abrir-se aos nossos vinhos. Não sei, mas se tivermos uma quota média de exportação de 20% será muito bom. Mas com tendência a crescer.

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