"Comprar ou vender? Eu não": Ações da GameStop afundam após "rally" de dois dias 15/05/2024 18:01
Depois de mais que terem duplicado o seu valor em bolsa, em apenas dois dias – o que levou a GameStop e a AMC a somarem mais de 11 mil milhões de dólares de capitalização de mercado – o otimismo do mercado arrefeceu e os títulos seguem a afundar.
Os títulos da AMC desvalorizam 22,70% para 5,295 dólares, longe do recorde de 11,88 dólares alcançado durante a sessão desta quarta-feira. Por sua vez, as ações da GameStop chegaram a tombar 36,41%, estando entretanto a descer 30,97% para 33,65 dólares. Ao todo, a distribuidora de jogos e a rede de cinemas já perderam quatro mil milhões de dólares em bolsa, desde o toque do sino em Wall Street.
O eco do movimento "meme stock" de 2021 foi assim pouco sonante, já que há três anos a GameStop chegou a registar uma escalada de quatro dígitos em apenas algumas semanas, à boleia de uma estratégia organizada de pequenos investidores, que impulsionaram um movimento de "short-squeeze" que encostou os "short-sellers" à parede, gerando perdas de centenas de milhões de dólares para quem tinha posições a descoberto (que entretanto acabaram por vencer levando ao fim a "meme mania" em 2021).
Mas afinal, o que mudou face há três anos, para esta tendência ter durado tão pouco? "Desta vez é diferente", sublinha Ben Laider, estratega da plataforma de investimento eToro, em declarações à Bloomberg.
Assim, "é preciso ter em conta que a pandemia acabou e que as poupanças acumuladas pelos consumidores é em grande parte gasta a longo prazo", explica o especialista que acrescenta que também é necessário recordar que "os juros estão elevados", o que tende a não beneficiar o mercado acionista.
Apesar de a correção ter chegado a demorar, o mais provável era que acontecesse, uma vez que o preço das ações não refletia de todo o valor económico e empresarial destas empresas, como alertaram os especialistas ouvidos pelo Negócios. Restava era saber o momento em que tal aconteceria. Parece que este momento chegou.
Do X para o X: O centro do combate
O movimento das ações da GameStop e da AMC acontecem quase um dia depois de Bill Gross, o investidor e cofundador da Pacific Investment Management Co. (PIMCO), ter anunciado que vendeu "puts" (opções de venda) e "calls" (opções de compra) sobre títulos da AMC e GameStop.
Esta estratégia é conhecida na literatura financeira como "short-straddle" e implica que as opções que o investidor vende tenham a mesma data de maturidade e o mesmo preço de exercício (mais conhecido pelo nome em inglês "strike"), e é executada quando o investidor acredita que o ativo subjacente, neste caso as ações, irão ver a volatilidade reduzir-se, pelo que nesta perspetiva o preço dos ativos deverá manter-se entre uma moldura, sem grandes oscilações.
Bill Gross, decidiu acompanhar este anúncio, realizado na rede social X (antigo Twitter) com uma frase onde se refere à GameStop como "GameStonk" e afirma "Comprar ou vender? Não para mim".
“Gamestonk” is passe.
What could be a better buy signal than a cartoon man sitting upright in his chair?
Buy? Sell? Not me. Sell 400% annualized volatility.
Foi também no X, que o mais recente "rally" destas ações começou, marcado pelo regresso de um rosto que foi um dos líderes do movimento "meme stock" em 2021. Tudo começou quando na segunda-feira Keith Gill – que é considerado um dos impulsionadores do movimento "meme stock", que levou as ações da GameStop a dispararem mais de 2.000% no início de 2021 – voltou à atividade, tendo publicado a imagem de uma figura inclinada em frente com um comando de jogo nas mãos, no X, no seu perfil, batizado de "Roaring Kitty".
Depois deste "post", o "influencer" fez mais publicações, o que atraiu uma multidão de reações e visualizações e alimentou a especulação de que "Roaring Kitty" iria voltar ao ataque e comandar um exército de pequenos investidores contra os gigantes "short sellers" que apostam na queda da GameStop – uma narrativa que construiu na última mania.
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